Eu, grande palhaço, me confesso...


Num passado não assim tão distante quanto isso, digo eu, cheguei a trabalhar (Sim, trabalhar...nada de risadinhas por favor!) numa empresa directamente ligada ao sector dos lacticínios.
Dessa dita época, não consigo relembrar-me de nenhuma situação que possa ser tida como muito relevante, excepto o facto de lá ter conhecido tempos áureos e felizes.
Trabalhava bem, ganhava bem, comia bem, bebia bem, ...martelava bem..., conversava bem, sentia-me bem, respirava bem, e, apesar de viver permanentemente rodeado de leite, a verdade é que até cometia a proeza de cheirar bem, excepto claro, naquelas horas dramáticas em que, por imperativos legais da mãe natureza, também era forçado a defecar bem.
Poderia também dizer-vos que parte dessa felicidade se devia ao facto de ter exercido uma missão de chefia nessa dita empresa, e de ter lá ganho montanhas de dinheiro, tornando-me milionário, mas isso seria mentir com todos os dentes que me restam e não me quero arriscar de forma alguma a ter que comer papinha Cerelac para o resto da minha vida.
Não, embora tivesse sido responsável por toda a actividade do meu sector, a verdade é que nunca fui oficialmente reconhecido como chefe ou coisa que lhe valha (monetariamente falando é claro, que isso de ser chefe em troca de algumas palmadinhas nas costas é coisa para os Salazaristas...).
Todavia, sinto o grande orgulho de poder vos dizer que cheguei lá muito perto. Muito perto mesmo, tão perto que quase consegui lhe sentir o cheiro. Não me invejam, mas saibam todos que fui um distinto Operador de produção.
Daí até chegar à categoria de chefe, seria apenas necessário subir mais uns 4 ou 5 níveis na pirâmide de evolução. Coisa pouca, como é evidente.

Mas apesar de não ter sido um, a verdade é que nessa época tive um chefe que me adorava. Tratava-me como se de um filho se tratasse, excepto em todos as saídas de serviço, altura essa em que, estranhamente, mandava-me sempre ir comer à minha casa.
Não foram raras as vezes em que, nas horas de maior aperto no serviço e perante a manifesta falta de genica evidenciada pelos meus outros colegas de trabalho, ele se virava para mim e dizia-me em breves tons de desabafo:
- Ai Pensador, mais 3 ou 4 como tu e a empresa não precisava de empregar mais ninguém.
Ao que eu lhe respondia:
- Pois não empregava...eu e eles a deitar fogo em cada canto da fábrica e ela ia abaixo num instante.
- És intratável - Finalizava ele. (ainda hoje estou sem saber o porquê...)

Enfim, gostaria apenas de dizer que embora nunca tivesse conseguido ser o empregado do ano (nem do mês, agora que penso melhor nisso..), a verdade é que deixei marcas profundas naquela empresa. Marcas que, segundo se consta, ainda hoje perduram.
Refiro-me à uma certa vez em que, empolgado pela efusividade do meu trabalho (minto, foi a Joana que se debruçou ligeiramente sobre uma palete, deixando o seu decote ficar acidentalmente exposto..), perdi o controle do empilhador e espetei literalmente os garfos na parede da oficina. Soube que já fizeram obras para tentar reduzir a dimensão dos danos que causei, ficando tipo "assim assim", mas a pancada foi tão profunda que ainda hoje são visíveis as marcas do meu famoso embate que deixei gentilmente em jeito de saudosa recordação.

E agora a pergunta que vale mil milhões de euros (mais cêntimo menos cêntimo) . Pensador, porquê que nos contas tudo isso?
Boa! com esta não não contava eu, embora, estranhamente, estivesse agora mesmo a pensar nesta pergunta.
Brinco, é claro que sei a resposta.(Isto é... digo eu com os nervos..)

A razão é um comentário que foi publicado na caixa de comentários do post que se encontra abaixo deste e que passo a transcrever aqui:

"ó palhaço! (o palhaço sou eu) eu vou mostrat este estupido reflexo da tua mente tacanha á tua esposa! Grande PALHAÇO! Tem vergonha e dá um tiro nessa cabeça! mas tem cuidado se nao vais borrar de merda as paredes ao teu lado!!! " (Publiquei em vermelho e em letras grandes, com a intenção de dar um maior ênfase ao acontecimento)

E agora a pergunta que vale... um pouco menos desta vez, talvez 1 euro e 65 cêntimos, o que já dá para tomar 3 cafés na tasquinha onde costumo parar todos os dias;
- Pensador, mas porque raio estás a dar valor a esse cretino?

Tenho 4 boas razões para fazer isso.

1ª - Porque me apeteceu. Mas como não estou lá muito certo de que isso possa contar como boa razão, deixo um "Porque sou maluco" como 1ª razão suplente para aqueles leitores que são mais renitentes.

2ª - Porque fez-me sorrir. Já se tinha passado tanto tempo desde a última vez que isso me sucedeu, que já nem me lembrava do quão gratificante era sentirmos essa sensação.
Ninguém se acha mais inteligente, do que aquele que vive ladeado de idiotas, a não ser é claro, que ele também seja tão idiota quanto eles.
Os condicionalismos do homem tolo, exaltam sempre o valor e a superior condição do homem justo, que é como quem diz, é na presença de gente saloia que nos apercebemos, com maior clareza, as nossas diferenças de valor enquanto seres humanos e o quão enriquecedor se torna ser possuidor de uma boa educação.
Poderia também dizer que é na presença dos burros que nos sentimos inteligentes, mas isso seria ser demasiado brejeiro e eu cá sou mais adepto dos eufemismos...

3ª - Porque foi meu amigo. Advertiu-me, em boa hora diga-se, para as graves consequências "fecais" que um eventual "tiro de pistola na cabeça" poderia causar em meu redor.
Não é que o acto em si, de rebentar a minha cabeça com um tiro seja suficiente para me causar grande aflição, mas estou seguro que a minha mulher jamais seria capaz de me perdoar se eu lhe pintasse as paredes da casa com merda. Credo! nem no inferno ia conseguir ficar a salvo dela, garanto-vos!
Fica assim destruída, qualquer possibilidade de eu um dia me suicidar com um tiro na cabeça.

4ª - Ora ai está, eis que chegamos ao cerne da questão e à razão principal de ter escrito este post. Aquela que me fez revisitar algumas partes do meu passado recente e recordar esses meus tempos gloriosos de Operador de Produção intrépido.
Acontece que, desde a minha entrada em cena neste cenário de dementes (também conhecido por "vida", tendo ela surgido mais ou menos no dia em que nasci) sempre fui conhecido por ser uma pessoa alegre, espontânea, descomplexada, sorridente, dinâmica e acima de tudo muito frontal, criando por vias disso, um acentuado grau de popularidade à minha volta que fica alheia à minha vontade e que não consigo obviamente controlar.
Mas infelizmente, nem tudo nesta vida são rosas, e uma das consequências directas de sermos uma pessoa popular, é criarmos inevitavelmente alguns sentimentos de ódio ou de pura inveja na fraca alma de algumas pessoas.
Certo dia encontrava-me no refeitório da empresa a gozar a meia hora que tinha direito para tomar o meu lanche, quando uma dessas ditas pessoas, talvez já farta de me ver à sua frente ou de viver à minha sombra, decidiu meter-se comigo. Como não tinha nenhum pretexto para levar por diante a sua intenção, tentou arranjar um.
Durante quase meia hora, foi só ouvi-la mandar bocas, piadas de mau gosto, acusações descabidas, considerações ordinárias, etc...e eu...para espanto de todos os que estavam lá presentes, não proferi uma única palavra.
Para vos dizer a verdade, nem sequer me dei ao trabalho de olhar para ele.

Olhei para o relógio e vendo que estava na minha hora de voltar ao serviço, levantei-me, convidei o meu camarada que estava sentado ao meu lado a fazer o mesmo, e dirigimo-nos ambos ao elevador.
Já dentro do elevador, esse meu camarada questionou-me:
Ele - Pensador, tivestes medo do B?
Eu - Quem? Eu? Não!.. nem por sombras.
Ele - Mas ele fartou-se de gozar contigo e tu não dissestes uma única palavra...
Eu - Pois não...tens toda a razão, mas olha, sabes que mais?...Em contrapartida, estive quase para lhe dar um peido!

Mas nem a esse teve direito...
Acho que todos vocês compreenderam o sentido desta história..as pessoas só tem o valor que nós lhe damos e ... ponto final.

O anónimo que aprenda porque eu não duro sempre.

2 comentários:

  1. és mesmo um antónio pá!
    ehehehe.... chamas tacanho aos outros e não olhas para a "merda" que tens escrio!
    Realmente és tolo e sabes porque?
    porque os tolos nunca admitem a merda que fazem!

    Dou-te um conselho.... antes de fazeres blogs em conjunto.... olhas para os blogs na tua casa.
    porque é como tu dizes... realmente estas sujeito a um valente par de cornos!

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  2. Próoookkkkkkk....que merda, desculpem mas desta vez não consegui mesmo evitar....

    :))))

    (Ps: Tristeza, caiu que nem um patinho)

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."