O hibridismo das palavras...

Dizem que o termo "Híbrido" se refere a algo que resulta da mistura de dois ou mais elementos diferentes, sem que tenham de fundir uns com os outros, caso contrário, todos os seres humanos resultariam de uma experiência híbrida. No sector automóvel, por exemplo, um carro híbrido é um veiculo que possui um motor de combustão interna, normalmente a gasolina, e um motor eléctrico que permite reduzir o esforço do motor de combustão e assim reduzir os consumos e emissões poluentes para a atmosfera. Em termos práticos isso quer dizer que durante o funcionamento do motor à gasolina, a bateria que alimenta o motor eléctrico está a ser carregada, e através do funcionamento deste último, a rotação do eixo do motor de combustão interno requer menos esforço, havendo por isso menos combustão, menos consumo de combustível, e, consequentemente, menos poluição. No mundo da gramática o hibridismo também ocupa o seu lugar e dizem que o mesmo se verifica sempre que uma palavra for formada pela mistura dos vocábulos de duas ou mais línguas ou pela interpenetração de sintaxes de línguas distintas (duas ou mais línguas, interpenetração...adoro quando a Wikipédia coloca algum erotismo nas palavras...). Enfim, em teoria tudo isto é muito bonito de se dizer e parece fácil de explicar mas...a verdade, porém, é que todas as teorias acabam sempre por cair no esgoto quando se trata de explicar aquilo que a cabeça da nossa classe de emigrantes é capaz de fazer quando quer chamar a atenção dos outros à sua volta, sobretudo quando os ditos são oriundos da França. Como cresci por terras gaulesas, tenho uma certa facilidade em perceber a linguagem que normalmente é expressa pela maioria mas confesso que há momentos em que, também eu, sinto-me um bocadinho perdido. É que, para os portugueses, não basta haver híbridos, hibridismos ou onomatopeias para definir tudo aquilo que ele é capaz de criar. Não, meus amigos,  no léxico dos tugas-de-mala-de-cartão-cheia-de-vinho-do-porto-às-costas há sempre lugar para uma nova salgalhada e outras esquisitices gramaticais criadas em cima do joelho, uma das quais, na falta de melhor, lembrei-me de baptizar de "franciú-tuga-esquisitum"(que querem? cada qual a sua mania e a minha é o latim). Acreditem, Portugal caga gente poliglota verdadeiramente fantástica, que nunca pára de me surpreender, e, no futuro, acredito sinceramente que ela seja capaz de enriquecer de uma forma deveras dramática todo o vocabulário português...ou senão mesmo mudá-lo, completa e drasticamente. E digo isto porquê? porquê?? PORQUÊ??? Mas porquê ó homem de Deus???
Bem...por uma razão muito simples, embora, à primeira vista, compreendo que ela possa parecer apenas idiota. Estava eu ontem de manhã, tranquilamente ou na paz do senhor, como melhor vos aprouver, a tentar escolher a melhor fruta de toda a merda que o MINIPREÇO tornou-se capaz de nos oferecer, quando, a dois ou três passos de mim (o que representa cerca de meio metro, sensivelmente, dependendo do tamanho de sapato usado por quem me lê ), vejo um senhor "avec" virar-se para a mulher dele e brindá-la com a expressão mais deliciosa que tive o prazer de ouvir da boca de um emigrante até hoje, e que, confesso, por ser tão perceptível, até eu demorei quase 2 horas a conseguir perceber...

- Allez, vem aqui ma jolie...vamos comprer carottes e feijão vert e fazemos só uma soupe, nãan?


Resultado de imagem para linguagem dos imigrantes
Imagem da Net



Tradução:
- Allez (Bem...)
- ma jolie (minha linda)
- comprer (junção da palavra "comprar" com "acheter", que, em francês também significa "comprar")
- carottes (cenouras)
- vert (verde)
- soupe (sopa)
- nãan (junção da palavra "não" com "non", que significa não em francês, ou então o tipo era apenas fanhoso e eu não consegui perceber)
...
E já agora...
- Fanhoso (pessoa que fala como se a voz saísse pelo nariz)

4 comentários:

  1. Estou eu sossegadita a fazer limpeza aos móveis da cozinha (entenda-se, tirar tudo dos armários, limpar e tornar a arrumar), quando decido fazer uma pausa literalmente "kit kat" (deve ser uma palavra híbrida porque estou mesmo a comer um chocolate mas é um floc choc)e me deparo com o teu post. Para tua informação entalei-me com o raio do chocolate de tanto me rir.

    :)

    Bjs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não é uma palavra híbrida mas "floc choc" pode ser uma onomatopeia se pretender representar o som de uma sandália velha a rastejar no chão.
      Quando ao chocolate, espero que não seja necessário aplicar uma manobra de Heimlich porque se ficares sempre a rir, ela promete ser um desastre... :)))

      Bjs nina

      Eliminar

A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."