No 1º de Maio, o trabalho está sempre no caralho.

Ontem, ou melhor, anteontem, festejamos o 1º de Maio, também conhecido internacionalmente como o "Dia do Trabalhador". Mas, não obstante tudo aquilo que possa ter sido ou ainda seja dito a favor desse dia, para mim ele não passa de um embuste e continua a representar a maior contradição criada pelo homem em matéria de feriados. Nesse dia, acho que, por uma questão de bom senso, seria suposto vermos o mercado laboral trabalhar em força e cada empregado ver-se confrontado/desafiado a trabalhar 2 ou 3 vezes mais do que o habitual já que o termo "trabalhador" referencia sobretudo todo aquele que vive do seu trabalho, o que, em qualquer país europeu democrata como o nosso, excepto Portugal, também quer dizer que quanto mais trabalho produzirmos mais dinheiro teremos a possibilidade de ganhar. Mas em vez de podermos demonstrar de que raça trabalhadora somos (ou fomos) feitos, vejam só o que a lei nos convida a fazer. Disse convida? Obriga! Decreta um feriado para ficarmos todos em casa na pastelice, sem podermos fazer porra nenhuma sem ser esvaziar a dispensa ou as duas primeiras prateleiras de cima do frigorífico (onde por norma costumamos deixar as porcarias que mais fazem mal à saúde), para depois ficarmos alapados no sofá a ver filmes e séries na TV, excepto alguns sortudos de nós, que, na falta de melhores ideias, decidem fazer sexo tórrido e quase animalesco com a sua vizinha do lado esquerdo (para quebrar um pouco a rotina de não ser sempre o lado direito) enquanto a sua "chérie" vai se entretendo com as roupas e as limpezas da casa, mas não eu, podem ficar descansados, porque a única vizinha que tenho vive a 2 milhas de mim e tem um sorriso que faz quase lembrar um código de barras. Enfim, se algum dia alguém quiser trazer alguma justiça para este mundo, talvez no futuro este dia seja conhecido como o dia do mandrião, do gandaieiro, do malandro ou do calaceiro, mas dia do trabalhador é que não pode continuar a ser. Nunca, jamais na vida. E o pior é que todo este movimento de forças está a destruir a reputação de homens conceituados, íntegros, valiosos e verdadeiros trabalhadores como eu, que, para não parecermos fascistas nem trabalho-dependentes revoltados contra o sistema, somos forçados a não fazer a ponta de um corno o dia todo (e às vezes também à noite) só para demonstrar que estamos perfeitamente inseridos na sociedade.