Tentemos pois (mesmo que não passe disso...) analisar as causas/origens deste fenómeno.
Creio de que é uma ideia bem assente para todos nós de que os valores sociais mudaram drasticamente.
E quando se fala em valores,refiro-me essencialmente ao novo estatuto que a mulher veio ocupar na sociedade que conhecemos.
Mas vamos por partes!
Numa época cultural não muito distante da nossa, o papel da mulher era visto no nosso país quase da mesma forma que é visto actualmente nos países fundamentalistas islâmicos.
A diferença é que por cá, nunca chegou a ser obrigatório usar-se uma Burca...(Mas se calhar não devia faltar por cá quem sentisse o desejo de lhes impor essa aberração..)
A verdade é que só os homens tinham verdadeiramente valor e os seus direitos consagrados.
Salazar era uma personagem antiquada e bastante retrograda mas ainda assim era suficientemente inteligente para saber que o seu modelo social/politico seria totalmente aniquilado caso houvesse uma emancipação da mulher.
É uma hipocrisia, eu sei, mas basicamente a ideologia Salazarista (Novamente à semelhança dos países fundamentalistas islâmicos..) sobreviveu durante largos anos graças à exploração/escravidão feminina, que obviamente era do inteiro agrado dos homens.(Quem não gosta de ter um saco de boxe pessoal lá em casa para despejar o stress e as frustrações do dia a dia?)
Mas paradoxalmente fazia-se filhos com farturinha!!...
É verdade!...era muito comum ver famílias muito numerosas e algumas chegavam mesmo a ter 20 filhos!
Mas como é possível? Perguntam vocês.
Como é possível que numa época de extrema miséria e fome (e muito ouro no Banco de Portugal..), tivessem a infeliz ideia de fazer tantos filhos para alimentar,vestir e cuidar??
Os portugueses sempre foram pródigos para criar estes paradoxos, aliás...ainda hoje os cria!! Basta para isso que nos perguntemos como é possível sermos o povo mais mal pago da Europa e no entanto só vemos o pessoal com carros topo de gama, telemóveis sempre de última geração, roupas de marca, casas repletas de luxo, etc..etc...(e o frigorifico vazio..)
Mas a resposta até nem é assim tão difícil de obter e para isso basta apenas que analisemos com atenção.
Primeiro temos que nos relembrar que as mulheres não tinham qualquer poder de decisão, logo a maternidade não era encarada como sendo uma opção mas sim uma obrigação que girava exclusivamente em volta da vontade do marido.
No fundo, ela era considerada como se fosse apenas o forninho onde se metia o pãozinho para cozer.(pois..mas o pior é que também derivado a isso, o "pãozinho" nem sempre era da casa..)
De seguida, existia um certo "comodismo" social que fazia as pessoas partir de um pressuposto, quanto a mim errado, de que se devia fazer muitos filhos para coloca-los a "servir" (trabalhar) logo aos 8/10 anos de idade, afim de ganharem dinheiro para os respectivos pais e garantirem desse modo a sua sobrevivência. (Quanta gente não ficou rica explorando os filhos!)
Quem não gostasse tinha o cinto como alternativa!..
Pensavam eles também desse modo (por causa do tal "cinto"..) que quanto mais filhos tivessem, maiores seriam as hipóteses de mais tarde (quando eles fossem velhos) um filho sentir pena e cuidar deles na derradeira etapa da vida.
Por fim, existe uma razão fundamental que foi a principal causadora da alta natalidade de outrora e da baixa de agora.
De seu nome: Analfabetismo!
Não duvidem minha gente, o Analfabetismo é o principal responsável pela variação dos índices de natalidade de qualquer país do mundo.
Se olharem para o gráfico que publiquei em cima, poderão facilmente verificar que quanto mais um pais é analfabeto, maior será a sua população!
Não era por acaso que no passado o Salazar não queria desenvolver demasiado o ensino, facultando ao povo apenas uma vertente muito básica do mesmo.
E através disto muita gente poderá compreender também a razão que o levava a proferir aquela conhecida citação:"Um povo culto é um povo infeliz ".(Para a felicidade dele...entenda-se...)
Passemos pois, a minha conclusão.
Não considero que de hoje em dia as pessoas estejam mais egoistas, frivolas, individualistas e que só pensam num plano puramente materialista.
Considero sim é que as pessoas sentem mais amor aos filhos!!
Passo a explicar:
A alfabetização de um povo não é apenas o maior carrasco das ideologias politicas nacionalistas, como também é o maior inimigo de toda e qualquer religião existente na terra.
Ora..o analfabetismo fazia com que as pessoas acreditassem (sem ousarem questionar!) de que a vida era uma dádiva de Deus.
Só que a alfabetização trouxe o conhecimento e a cultura, e esses 2 factores levaram as pessoas a questionarem-se, a analisarem mais seriamente a parametragem da vida e do mundo.
O conhecimento leva as pessoas a afastarem-se dos preceitos religiosos.
O conhecimento origina um turbilhão de perguntas e uma sede de respostas!
E o argumento de "acreditar sem ver e sem questionar" já não satisfez e deixou de ter a sua habitual influência.
As pessoas depressa se aperceberam de que a vida ao invés de ser uma dádiva, é uma condenação.
E quando existe amor, quem é o pai ou a mãe que quer condenar um filho?
Vejam bem como está o nosso mundo!
Isto está assustador lá fora!!
....reina o medo, a insegurança, mortes, tragédias, droga, violações, assassinatos, pedofilia, abusos de toda a ordem, fome.....
Não podemos confiar em ninguém!! Muitas vezes nem sequer na nossa própria família!!
Vamos trazer um filho para um mundo destes??
Para ele passar o mesmo que nós ou pior??
Porquê? Para quê? Em nome de quem? Com que sentido?
Acredito que todos vós conseguiram perceber onde eu quero chegar.
As pessoas estão cada vez mais a evitar de ter filhos, porque deixaram de acreditar no futuro ...e porque no intimo delas... também devem desejar que isto acabe de uma vez por todas...
Obrigado pela vossa paciência..