Mas que droga!


No dia em que se assinalou o 10º aniversário da entrada em vigor da lei que despenaliza o consumo de drogas, caiu que nem uma bomba a notícia de que os jovens estão a consumir cada vez mais heroína e alucinogénios.
João Goulão, director do IDT (Instituto da Droga e da Toxicodependência) diz não conseguir entender este fenónemo (e quem diz este...), nem as razões que levaram o consumo da Cocaína a tornar-se tão comum como a Canábis, entre os jovens a partir dos 13 anos (sei-lá...assim de repente deu-me para pensar se isso não será consequência da lei que despenaliza o consumo de drogas..), mas, apesar dos resultados obtidos neste recém inquérito que revelam exactamente o contrário, está convicto de que “A toxicodependência está a diminuir em Portugal” e que este problemático aumento de jovens a meter-se nos trilhos da droga se resolve com mais um inquérito alargado a toda a população para analisar a evolução do consumo das drogas em Portugal (hahahahaha) . Para isso, aguarda-se apenas que o Estado seja capaz de libertar uma verba a rondar o meio milhão de Euros. (Vão contratar a Oprah Winfrey e o Obama para realizar o inquérito).

Ai Joãozinho, Joãozinho...
Que não percebas o suficiente da poda, isso toda a gente compreende, porque mesmo que sejas Médico de profissão e que tenhas mais de 20 anos de experiência a nível da prevenção e do tratamento da toxicodependência em Portugal, uma coisa é prevenir/tratar/cuidar de quem sofre de problemas originados pelo consumo de drogas e outra coisa é combater quem vive/enriquece à custa delas e promove a liberalização das mesmas. No entanto, confesso que não consigo perceber esse teu aparente espanto. Então não sabes que a delinquência juvenil abarca sempre o consumo de drogas e vice versa? Que resposta - satisfatória - esperarias obter de uma sociedade cujos índices de desemprego, criminalidade, delinquência, marginalização, desigualdades e inadaptações sociais, são extremamente altos e crescem cada dia mais de forma deplorável e alarmante?
Queres nos convencer de que esperavas ver, da parte dos "novos" delinquentes - filhos de pais desempregados e revoltados contra o sistema -, um pouco mais de juizo e serenidade?
Bahhh...deves ser crente, deves. Olha, vai mas é contar essa à outro!

3 comentários:

  1. Não é um tema fácil. Nesta matéria, como em muitas outras, não há verdades absolutas.

    Há 20 anos atrás lutei pela despenalização das drogas leves. Hoje mantenho a mesma ideia. O importante é lutar contra o tráfico e não contra quem caiu na "rede do consumo".

    Durante 20 anos lidei com toxicodependentes e, curiosamente, tenho uma percepção algo diferente.

    Em primeiro lugar, o consumo de drogas duras como, por exemplo, a cocaína e as "novas drogas" é mais frequente nas chamadas "classes sociais elevadas".

    O problema é que é um vício caro e quando não se tem uma família abastada a quem recorrer, verifica-se o recurso à criminalidade para arranjar o dinheiro para consumir.

    Mas se é verdade que o desemprego, criminalidade, delinquência, marginalização, desigualdades e inadaptações sociais podem potenciar o problema(Jean Jacques Rousseau já afirmava mais ao menos isto: ninguém nasce criminoso, a sociedade é que os faz), a verdade é que tudo se resume à escolha.

    Isto é, eu posso ter nascido numa família disfuncional, viver num ambiente onde a criminalidade impera e a marginalização é o modo de vida. Mas eu posso sempre escolher um outro caminho.

    O "juízo e a serenidade" são escolhas pessoais. A revolta, a insatisfação não podem, não devem justificar a nossa escolha. O problema é que quase sempre a melhor escolha implica sacrifícios e as pessoas preferem optar pelo caminho mais fácil.

    Quando o meu pai ficou doente o meu destino era deixar de estudar porque não havia dinheiro. Aos 16 anos optei por arranjar 2 empregos e estudar à noite. Terminei a licenciatura sem nunca reprovar um ano mas tal implicou sacrifícios. Muitos. Tive colegas com a vida bem mais facilitada e optaram por caminhos bem mais fáceis.

    E fico por aqui que o testamento vai longo.

    Beijo

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  2. Tenho que comentar, na verdade não me parece que o consumo aumente ou diminua segundo uma lei que proíbe ou não o seu consumo. Se os jovens tiverem que fumar o seu charro ou até ir mais longe, vão fazê-lo, mesmo que soubessem que é proibido! o Problema é o contrabando e o facto de haver imensos modos, e em todo o lado, de se aceder às drogas. Pergunto-me como, com milhares de policias e afins, é que esses senhores não encontram quem vende esses produtos. Até eu! Copinho de leite que sou, se for para a noite, seja em que cidade for(então na capital é para acabar) encontro imensos epicentros de droga. Só não se encontram mais porque não querem!
    Não concordo com um ponto que referiste sobre os "novos" delinquentes. Não existem novos nem velhos, existem miúdos na generalidade que chegam a idades nas quais já dispõem de uns trocos e se entregam às novas experiências. Os mais espertos fogem delas. Os mais burros, ou mais convencidos de que é fixe, ou mais desesperados seja qual for o seu contexto, continuam, como escape. Não há rótulo nem estereotipo para quem consome drogas. Quase todos experimentam, mas nem todos se deixam seduzir.
    :) mas gostei bastante do post.

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  3. A Ni tirou me as palavras dos dedos...se bem que sou contra a "despenalização das drogas leves".

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."