Os pecados da carne...

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Vamos ser francos. Nos inícios de cada mês, quando temos que ir às compras a fim de gastar aquela fortuna escandalosa que muita gente conhece por "ordenado mínimo" e que muitos patrões se gabam de pagar aos empregados sempre que choram a fraca rentabilidade das suas empresas, nunca vos deu uma particular sensação de leveza na carteira alma sempre que fazem uma passagem pela secção do talho? Acreditem, todos os meses pagamos o aluguer da casa, a água, luz, telefone, telemóvel, Tv cabo, roupas, massa, arroz, etc., mas nenhum deles cria um desbaste tão grande na nossas finanças como a porcaria do talho. E como este blogue não trata apenas questões relacionadas com futebol, e não se limita a mostrar ordinarices, rabinhos lindos e "mães Natal" em mini-saia, hoje como sinto que estou particularmente de mãos largas, decidi dar-vos um conselho completamente gratuito. Sim, ouviram mesmo bem, é um conselho muito valioso e vai ser totalmente de borla. Vou ensinar-vos como podem poupar todos os meses dezenas ou até centenas de euros através de um truque muito simples e tudo isso sem que tenham de pagar-me um único tostão. Uauuu! fantástico! sou ou não sou um amigo do melhor? (ok, ok...parece-me bastante óbvio que não são forçados a responder, e, não, não tem nada a ver com o eventual receio de poder não gostar de ouvir a vossa resposta). Por isso aqui vai: Doravante, sempre que forem ao talho comprar carne ao quilo, aprendam a avaliar melhor as vossas necessidades e peçam sempre um valor abaixo daquilo que necessitam comprar. Por exemplo, se precisarem de 1 Kg de Rojões, peçam 800 gramas, e se precisarem de oitocentas gramas, peçam apenas seiscentas. E digo isto porquê? Porque seja aqui em Portugal, seja na Nicarágua, na Indochina ou no Japão, os talhantes partilham todos uma linguagem universal e parecem padecer todos do mesmo mal. É verdade, para além de falharem sempre o peso pedido pelo cliente, parece incrível que os "falhanços" sejam sempre feitos numa linha ascendente colocada na vertical. Se pedimos um quilo, colocam sempre quilo e duzentas, ou trezentas, e se pedirmos meio quilo, a balança nunca pesa nada que seja inferior às setecentas ou oitocentas gramas. "Ultrapassa um bocadinho caro freguês, pode ficar assim?"."Sim....poooode" (que remédio). Ora essa, como é fácil de adivinhar, como resultado de tudo isto temos o desgraçado do cliente que, para não correr o risco de parecer sovina nem gostar propriamente de fazer cenas em público, acaba sempre por sentir-se psicologicamente "pressionado" a ter de levar uma quantidade de carne bastante mais inflacionada em termos de custo, como também superior aquilo que realmente necessita, e, como em casa nem sempre existe espaço no congelador para armazenar os atropelos excessivos trazidos do talho, muitas vezes cria-se ali um problema de difícil resolução e somos forçados a inventar. Ou cozinha-se tudo e depois acaba-se por comer bastante mais acima da nossa dose habitual, com pena de estragar comida, promovendo dessa forma a gula e maus hábitos alimentares que mais tarde também promovem doenças; ou mete-se uma quantidade absurda de restos para o lixo, insultando a nossa pobre carteira e todas aquelas pessoas que passam fome no mundo e não tem nada para comer; ou, por fim, reformula-se todo o programa idealizado para as nossas refeições do dia e fica estabelecido comer rojões ao meio dia e à noite, que é aquilo que normalmente acontece na minha casa. E mesmo que ao meio dia seja rojões com ketchup e à noite seja rojões com maionese, acreditem que não muda rigorosamente nada. O almoço vai saber-vos bastante bem e o jantar vai saber-vos uma grande porra. Por isso, se precisarem de um quilo e pedirem 800 gramas, ficarão espantados por ver o talhante acertar em cheio no quilo que realmente faziam tenção de comprar (é incrível! nunca falha, mas se falhar também não faz mal, basta pedir-lhe amavelmente que coloque só mais um "pedaçinho" na balança), e, assim, poupa-se comida, dinheiro, e evitam-se muitos desperdícios e aflições...

Eu sei que, assim, de pronto, poderão sentir a tentação de dizer que o meu truque não representa novidade nenhuma e que já toda a gente sabia disto, mas se avaliarem melhor tudo o que foi dito aqui, talvez seja mais justo dizer que bem mereço as vossas palmas como sinal de agradecimento. Ok, ok...e dai talvez não...

2 comentários:

  1. Toda a razão. Uma ladroagem descarada. Lembro-me perfeitamente de, aqui há uns anos, ter ido à charcutaria do Continente pedir 150 gramas de fiambre francês, do lombo... e ouço um "ficou com 310... pode ser?".

    ahahah

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    1. Se foi no Continente, não me parece que seja ladroagem a favor do patrão. Eles devem sentir tanta estima por ele, como aquela que sinto por alguém que não conheço de lado nenhum. Acho sobretudo que tudo isso seja resultado de um puro desinteresse por aquilo que estão a fazer. Também se analisarmos o trabalho precário e a porcaria de ordenados que ganham lá, não é nada de admirar que assim seja...

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."