Oi...está tudo bom por ai?

Como podem ver, ultimamente tenho andado um bocadinho "desaparecido" do Blog mas descansem que isso não tem nada a ver com uma eventual falta de ideias, deve-se apenas ao cumprimento das minhas obrigações laborais. A empresa onde labuto decidiu alterar o meu horário de trabalho e confesso que tenho-me sentido um pouco cansado desde então, muito devido à sobrecarga de funções a que tenho estado sujeito nos últimos dias. Já nem os sábados tenho conseguido gozar desde o início do mês. Tem sido todos os dias a "bombar" a 100 a hora. Uma loucura. Por um lado fico feliz por ver a empresa crescer a olhos vistos e cimentar a sua boa saúde financeira, mas por outro...apercebo-me que já não tenho idade para muitas coisas. Maldita seja a PDI. Julgamos sempre  que somos feitos de ferro e aço mas ultimamente tem havido dias em que pareço ser feito de papel. De tal forma que até já ando a tomar vitaminas e pastilhas de magnésio para ver se as minhas pernas deixam de parecer tão pesadas. Não é que queira dar umas corridas mas...acho que vocês percebem o que quero dizer. Aparte tudo isso não tenho mais razões de queixa. Para mim logo que o dinheiro continue a cair religiosamente na minha conta ao fim do mês já é razão de sobra para sentir-me muito feliz e contente. Porque pior do que trabalhar num país onde, por questões culturais, as empresas gostam de explorar os empregados até estes ficarem nus e carecas, pagando-lhes o mínimo possível, seria trabalhar para tipos pançudos que para além de pagar mal também são caloteiros.


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8 comentários:

  1. O mínimo possível
    Ah, a eterna luta do operário versus patrão (e dizer patrão enchendo a boca carregando no ão simulando a onomatopeia idêntica à de um cão a ladrar, um daqueles grandes e ameaçadores). Tenho de vida laboral, contínua, sem um único dia de baixa (felizmente mas não só) 29 anos de trabalho, isto não contando com os dias a vender cadeirinhas nas festas e romarias quando ainda era adolescente, nem com os fins de semana passados a vender vinhos e bombons já menos adolescente, ou ainda as “férias grandes” passadas nos escritórios daqueles que viriam a ser meus colegas quando já de maior idade alternava os estudos universitários com uns trabalhinhos aqui e acolá. Dos 29 anos trabalhei cerca de 8 por conta de outrem, e o resto (até à atualidade) por conta própria. A partir do momento em que passei a trabalhar para mim próprio nunca mais gozei de férias mais do que 2 semanas anuais, sendo que a maioria dos mais de 20 anos a que me refiro gozei apenas uma semana de férias, e mesmo assim uma meia dúzia de vezes interrompi as férias para vir a correr para os escritórios, mesmo em ocasiões em que me encontrava fora do país – diga-se em abono da verdade que hoje em dia uma das razões porque não gozo a totalidade das férias legais é porque gosto muito de trabalhar e não sinto de facto necessidade de tirar mais tempo. Ainda tenho que fazer contas todos os meses, mas seria desonesto se não dissesse que posso ir aonde quiser, quando quiser, custe o que custar sem que isso signifique um desequilíbrio do meu orçamento. Sou patrão de várias empresas, e na minha perspetiva empregado de todos os meus clientes. Como patrão pago aos meus colaboradores aquilo que os meus clientes me pagam a mim, que é e sempre foi o mínimo possível. Sendo que as minhas empresas não são todas da mesma área (e por essa razão sujeitas a acordos coletivos de trabalho diferentes) e naturalmente umas são mais antigas do que outras, o mínimo possível que pago varia entre valores um pouco acima do salário nacional e alguns milhares de euros. Conheço e avalio com regularidade, uns mais direta outros mais indiretamente, cada um dos meus colaboradores, e a alguns a que o mínimo possível é mesmo quase o mínimo possível que posso pagar custa-me mais do que a alguns que pago dez vezes mais – e custa-me mais tanto termos pessoais como em termos de rentabilidade. Ao longo destes 20 anos como empresário, ajudei alguns colaboradores a tornarem-se independentes, outros tornaram-me mesmo meus sócios. Outros, não quiseram essa independência mesmo tendo sido por mim incentivados. Não critico nenhum, leão selvagem e independente como sou sempre foi uma das balizas da minha vida a individualidade de cada pessoa, não condeno nem o que está contente com os quinhentos euritos que leva para casa, nem os meus amigos e colegas de infância que ao contrário de mim viveram a vida toda trabalhando para outros, gozando as férias e o privilégio de deixarem no trabalho as preocupações para os patrões quando fecham a porta do gabinete ao fim do dia. Mas não admito a nenhum que me venha dizer que é mal pago, ou que recebe o mínimo possível. Mal pago sou eu que trabalho 12 horas por dia, por vezes 7 dia por semana. Mal pago sou eu que cheguei a viver das poupanças meses a fio quando metade dos meus clientes faliu ou deixou de me pagar, e mal tinha dinheiro para pagar aos meus colaboradores. Mal pago sou eu que perdi noites a fio e ponderei vender o meu parco património para não passar a vergonha de não cumprir as minhas obrigações junto dos meus fornecedores. Mal pago sou eu que quer faça chuva faça sol, quer o trabalhador goste muito ou pouco do que faz, quer eu tenha trabalho que lhe dar ou não, quer o trabalhador me renda dez ou renda mil, sou obrigado, todos os meses, sob pena de coação e penalidade pagar-lhe o mínimo possível que acho que ele merece. E se o colaborador não é obrigado a quase nada já os meus clientes, pagam o mínimo que acham que eu mereço, melhor, que eu faço por merecer, e só até o dia que quiserem.

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    1. Solo, peço-te desculpas por só te responder agora. Para começar devo dizer que não é nenhum crime uma pessoa como tu não ter um blog activo mas na minha opinião deveria sê-lo. Adoraria ver-te abordar vários temas da actualidade com a inteligência e a profundeza que revelas ter em cada trecho de palavras que escreves. No meu Post não tencionei abordar a eterna luta entre operários e patrões. Não cometeria esse erro porque já estive envolvido com os dois campos e sei bem as dificuldades que cada um deles enfrenta. Se referi aos "caloteiros" é porque, infelizmente, tive o desprazer de conhecer alguns ao longo da minha vida (e minha mulher idém) que acabaram por afectar gravemente o meu equilíbrio financeiro. Concordo que nem todos nascemos para comandar, para liderar, e que é bem mais fácil apontar os erros de quem gere as coisas por este estar mais exposto e mais susceptível ao erro, do que reparar nos erros de quem não se sente incumbido de ter responsabilidades. É comum ouvirmos alguns dizer: "Se fosse eu a comandar...a fazer" mas a verdade é que, quando surge a oportunidade de brilhar, eles simplesmente paralisam ou fogem dos desafios/responsabilidades como o diabo costuma fugir da cruz. Ainda assim acho que nos dias de hoje Portugal enfrenta um grave problema cultural em relação ao valor do trabalho. Eu venho de uma geração onde era bastante comum levarmos uns "cachaços" quando cometíamos algum erro ou fazíamos mal o trabalho que nos foi confiado pelo senhor artista. Mas é precisamente esse o maior problema desta geração: o de já não ter artistas. As empresas (em geral) na sua ânsia de produzir lucro e banalizar o papel dos empregados, apostaram na precariedade e nos contratos temporários, promovendo em simultâneo as bases da flexibilidade e da polivalência. O que é que isto originou? Se antigamente havia artistas para cada arte, agora já não há artistas de porra nenhuma. Sabem todos fazer um bocadinho de cada coisa mas já ninguém é bom em nada.Sei que esta filosofia favorece os patrões porque permite implementar contratos precários, salários sempre baixos e, assim, também não são obrigados a assumir qualquer responsabilidade social, mas confesso que acho essa filosofia errada. Pergunto: Se a experiência e os ensinamentos dos mais velhos não forem transmitidos para os mais novos, e se não se potenciar as suas capacidades, quem é que vai estar aqui para resolver os problemas graves e construir valor? É que uma filosofia assente na precariedade gera uma sociedade irresponsável, desvalorizada, insensível e desligada do trabalho. Os erros irão aparecer com cada vez mais frequência e os prejuízos das empresas idem. Depois é o tal efeito bola de neve. O custos são maiores, os salários tem que manter-se baixos para manter o lucro e vender ao melhor preço, os empregados desligam-se, o produto perde qualidade, os clientes fogem, as empresas entram em crise, etc etc. Considero que o país cometeu um erro gravíssimo ao acabar com os cursos profissionais que geravam os técnicos que eram essenciais para alimentar e fazer funcionar o mercado de trabalho. Hoje já não há técnicos, existe apenas "electro-trolha-canalizadores-picheiros" que ganham o ordenado mínimo e estão-se a borrifar para as dificuldades que o patrão enfrenta. Na verdade acho que eles até alimentam um espírito vingativo e gozam com toda essa situação. Não vou dizer que defendo o lado deles..mas também não posso dizer que não os compreenda. Para que haja uma filosofia de equipa e se vista a "camisola", é preciso sentir-mos que fazemos parte de algo maior, que somos importantes na nossa missão, considerados e valorizados. Acredito em tudo o que me contastes e sei que há homens que não são egoístas e ajudam quem tem valor a crescer, mas amigo Solo, estamos a falar de uma pequeníssima minoria de pessoas neste país. Pessoas de grande valor. A maior parte bem sabes que são exploradores. As mesmas empresas que nunca te facilitaram nada e deixaram de te pagar, são aquelas que também pregaram calotes aos seus empregados..

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    2. Subscrevo quase na totalidade o que dizes - eu e todos os que te lemos é que somos uns privilegiados por o podermos fazer. Eu apenas queria dar uma perspectiva diferente da do trabalhador que também fui e em certo sentido ainda sou. Sempre foi minha filosofia de vida que todos temos o mesmo valor, ninguém é menor do que qualquer pessoa, nem menos inteligente, etc etc etc - mas de facto há quem opte por levar vidas menores (digamos assim) e depois põe a culpa nos outros, nos que lutam mais, nos que querem mais, nos que se sacrificam mais, e nem estou a falar de mim, para mim sempre foi natural fazer coisas, muitas e diferentes, nunca senti em momento nenhum da minha vida de trabalho que me custasse fosse o que fosse - gosto muito de trabalhar, tiro disso muito prazer, e sorte ou seja lá o que for sempre acreditei na minha capacidade de enfrentar qualquer coisa, e a vida tem sido boa para mim. De resto não sou (completamente) idiota, sei também que por vezes mesmo querendo muito ser melhores a vida pode ser madrasta - e por isso sempre que posso, dentro das minhas possibilidades e vontade (não sou nenhum santo, nem aspiro a isso) ajudo as pessoas de que gosto e a quem dou valor. Mas da mesma maneira que acho que há e haverá sempre empresas que "exploram" os seus funcionários também acho que a maior parte dos trabalhadores, sobretudo os mais jovens, procuram empregos e não trabalho. Eu nos 8 anos que trabalhei para outros (e nos anteriores onde ainda andava a aprender) nunca me preocupei se era bem ou mal pago, se trabalhava mais ou menos do que o horário de trabalho - para mim mesmo não sendo eu o patrão estava a trabalhar para mim, para o meu futuro, e quanto mais e melhor trabalhasse, mais EU ganharia, mais cedo ou mais tarde. Há muitos muitos anos, o meu 1º director geral disse-me uma coisa que nunca mais esqueci: só há uma maneira de fazer as coisas, que é bem feitas.

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  2. Respondendo ao título, sim, está tudo muito bem.

    Respondendo ao conteúdo, como ganho menos do que ganhava em 2002, estou caladinha.

    Respondendo ao Solo, ou melhor, reagindo à presença do Solo, bem vindo.

    Bjs

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    1. Acho que desde a chegada do Euro ao mercado o país inteiro passou a ganhar menos desde 2001/2002. O nosso ordenado manteve-se igual mas infelizmente a inflação disparou e nós perdemos a capacidade de avaliar correctamente quanto vale o nosso dinheiro.

      Bjs

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  3. Na verdade as empresas são assim porque há cada vez mais pessoas a sujeitar-se a isso, nós podemos dizer que não as vezes que quisermos mas enquanto muitos se sujeitarem a dar tudo pelo mínimo, seremos sempre explorados. A revolução tem de vir de nós, a acomodação mata.

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    1. Bem Inês, infelizmente nos moldes actuais já ninguém pode dar-se ao luxo de protestar ou negar seja o que for às empresas. Os empregos não abundam e não há ninguém que seja insubstituível. Quando um sai, estão logo 30 a bater a porta. A revolução poderia vir do povo mas para isso é preciso que haja alguém a mobilizá-los...e a comandá-los. Esse alguém teria que ser uma figura politica e, mais uma vez, outro problema se impõe porque já ninguém confia em políticos. Ou por outras palavras...estamos feitos ao bife. :(

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  4. Logo logo te habituas ao novo horário e voltas à vida blogosférica. ;)

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."