Zero graus...
Era essa a temperatura assinalada pelo termómetro da minha cozinha quando me levantei esta manhã. A minha primeira reacção tinha sido de espanto. Seria mesmo verdade? Estaria sonhando?
Na minha vida, sempre tive a percepção de que zero graus seria a temperatura de congelação da água, mas as percepções esbarram sempre nos factos, e o facto era que, apesar da minha casa ser extremamente húmida, não se via nem um único floquinho de neve a pairar na cozinha.
O termómetro parecia funcionar bem, logo, a minha segunda reacção só podia ter sido de satisfação. A satisfação de quem acabava de se dar conta de que tinha uma casa boa. Uma casa que não deixava ganhar neve dentro dela.
Na verdade, a única neve que pude ver nesse imediato, encontrava-se quase toda depositada nas árvores, nas fruteiras, no passaroco que morreu congelado - e que permanecia ainda em pé - pousado no galho de uma cerejeira e no extenso relvado que se estende pelo meu jardim (A minha sogra chama-lhe quintal, mas eu gosto de lhe chamar de jardim, isto apesar de nunca ter posto lá os pés..).
Espreitei pela janela para ver melhor o estado da minha rua e eis que vejo mais neve...cobrindo desta feita o capô e o para-brisas do "chaço" velho que alguém se lembrou de deixar estacionado mesmo em frente à porta da minha garagem. Que porra, pensei eu...Isto tem algum jeito? Já não se respeita nada neste mundo.
No noticiário vespertino, também vi cair muita(s) neve(s). E alguma dentro de mim, já agora, mas essa já não constitui nenhuma novidade uma vez que já há quase 2 anos que convivo com ela.
Tomei um banho, vesti-me, bebi o meu café com leite. Preparei-me para sair à rua, como faço todos os dias, religiosamente, bem cedinho pela madrugada, para comprar esse delicioso pão fresquinho (quentinho neste caso..) que alimenta todos os dias a minha alma...através desses primeiros sorrisos que só ele consegue despertar no seio da minha família.
Antes de sair, olhei-me por instantes no espelho do Hall de entrada. Fiquei introspectivo.
Zero Graus...porra...ao que estado deixei chegar a minha vida.
Que espécie de homem me tornei eu, se já nem a um simples Grau tenho direito?...
O meu semblante ficou mais pesado, parecendo quase ter sido congelado por toda a angustia sentida nesse momento. Baixei o meu olhar. Resignei-me. Era o meu destino.
Abri a porta. Senti o sol nascente envolver o meu rosto. Ouvi os carros, as motos, as pessoas que circulavam...
Respirei bem fundo, senti a vida que se desenrolava aqui mesmo diante de mim. E por breves segundos senti-me confiante. Optimista, sonhador...mas sempre na medida do que me é permitido.
Que se lixe! Pensei eu...enquanto entrava no "chaço" velho que "alguém se lembrou de deixar estacionado mesmo em frente à porta da minha garagem" e seguia viagem, mais determinado do que nunca em mudar o rumo da minha vida...
Em tudo?
ResponderEliminarMudar é renascer :)
ResponderEliminarTambém penso seriamente nessa palavra...
Jito e bom fim de semana
É fácil identificarmo-nos com o estado do tempo... até porque este muitas vezes influencia o nosso estado de espírito.
ResponderEliminarSe é para mudar para melhor, força nisso.
Nina, Tudo...o que seja necessário mudar e que esteja ao meu alcance, pelo menos...
ResponderEliminar:) Bjs
Bird, E renascer é também dar-se a si próprio uma nova oportunidade para ser/viver feliz.
:)
Jito e bom fim de semana também para ti.
S*, O tempo possui uma grande influência no estado anímico das pessoas.
Não é por acaso que em dias de sol todo o mundo parece andar mais alegre e feliz.
E uma mudança, quando necessária...é sempre positiva..
:) Jito