And it seems to me you lived your life, like a candle in the wind...
(E dá-me a parecer que tens vivido a tua vida, como se fosses uma vela ao vento...)
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Imagem retirada da Net |
Por terras de Queluz de Baixo, havia um desalentoso cenário de puro desanimo e consternação. Na Rua Mário Castelhano, nº 40, toda a armada tinha sido mobilizada e ninguém ousou faltar à chamada, ainda que, permanecessem incrédulos com tudo aquilo que acabava de acontecer. Cada rosto ali presente era ilustrativo da dor, raiva e tristeza, que reinava por toda a parte e unia aquele mar de gente. O mundo que conheciam ameaçava ruir, qual castelo de cartas exposto ao vento, e pouco mais ou até nada havia a fazer para conseguir salvá-lo. A sua queda era iminente. Subitamente, toda a alegria que ainda ontem rodeava toda aquela gente apagou-se que nem aquelas lâmpadas LED que-fundem-ao-fim-de-um-dia que muitas vezes compramos na loja do chinês. Toda a gente gritava. Toda a gente lamentava. Toda a gente chorava. Era um espectáculo deprimente e desolador. Mas de todos, era
Manuel Luís Goucha quem mais despertava a minha atenção. De sapatos Rosa Choc, Blazer lilás e calça branca que deixava transparecer um String bege sensual e provocador, nada do que lhe foi dito conseguia tranquilizar a sua alma nem apagar a sua dor, que era notória e demasiado arrebatadora. Inconsolável, e visivelmente transtornado, sucumbiu à tristeza e procurou refúgio nos braços de alguém. Primeiro abraçou-se a
Bruno Santos (Director Geral de antena) e chorou que nem uma coelhinha da Playboy depois de ter partido uma unha, o que obrigou o Bruno - pressionado perante a presença das câmaras - a ter que chorar também. Depois abraçou os dois pivôs
José Alberto Carvalho e
Pedro Pinto e voltou a deitar água pelo chafariz, num choro (quasi)sincronizado que só terminou quando um deles mostrou inadvertidamente o ranho que jazia no lenço da mão. Chorou na careca do
Eduardo Beauté e depois nos ombros do amigo
Luís Borges cuja cabeleireira ao melhor estilo "Afro" também foi aproveitada para limpar alguma caspa que tinha junto ao colarinho da camisa. Chorou no João, chorou no Miguel, chorou no Pedro, e chorou no José. Chorou com todos eles, e todos eles choraram juntamente com ele, uns por tristeza, outros por educação e outros ainda que, por ver tanta choradeira junta, acabaram por chorar sem ter qualquer intenção. Choravam, choravam, e choravam...e fugiam logo depois, na primeira oportunidade que lhes permitissem fugir. E quando o
Manuel Luís Goucha percebeu, por fim, de que já só havia mulheres à volta dele e mais nenhum outro homem nas imediações com quem partilhar um abraço...pôs-se a chorar com mais afinco e depois disso nunca mais se calou.
Paulo Cardoso, de
entre todos o mais
discreto, desdobrava-se em previsões, de entre as quais a mais perceptível e verdadeira pareceu ser: "Isto agora vai ser uma merda!". A
Michelle Fannon, por sua vez,
depois de ter invocado a compaixão dos astros e lido algumas cartas de Tarot, atirou as "Cartas da Alma" todas para o ar, de tão inúteis que mostravam ser e tão massacrada que estava pelo desgosto. O destino estava traçado e era terrível. Tão terrível que preferiu nem sequer olhar para ele. Os dados estavam lançados e a noticia era demasiado fraca de engolir. E num momento raro de pura resignação, enfrentaram todos - juntos - a triste realidade que o destino lhes deu. Tinha morrido a
Lady Cris Tininha, a princesa do povo, rainha da TVI...
Agora chora Portugal....
(Ps:
Julia Pinheiro que seguia atrasada para as manhãs da SIC e que, inadvertidamente, viu-se presa naquela confusão, esqueceu por momentos a sua aflição, e, envolvida pela tristeza do
Goucha, num gesto puramente altruísta decidiu retirar o megafone da boca, pousou-o dentro do carro e foi ao encontro do seu melhor amigo de sempre, que beijou na face e abraçou dizendo: "Deixa-lá, meu grande amigo, não chores mais, bem sabes que ela agora está num sitio muito melhor"...)