20 Anos...

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20 Anos. Parece tanto tempo, uma eternidade, no entanto estes anos passaram tão depressa. Demasiado, infelizmente, mas também é natural que assim seja. Quando vivemos uma coisa boa, tudo passa por nós à velocidade da luz. Confesso que no inicio não alimentava grandes expectativas sobre o casamento. Nem entrava no meu imaginário nem sequer acreditava na utilidade desse conceito. Sabia apenas que estava terrivelmente apaixonado pela minha mulher e que morria de vontade de viver ao lado dela. E essa ideia era-me suficiente. Era tão doido por ela, que não foi preciso muito esforço da sua parte para convencer-me a entrar numa igreja, com fatiota e laçarote de cor "Bordeaux", mesmo que não acreditasse nas suas fundações. Bastava-me saber que desse modo eu iria fazê-la feliz. E eu faria tudo para que assim fosse. Como é bonita a paixão e como é bonita essa vontade incessante de querermos estar permanentemente um com o outro.
Devo tudo a esta mulher, num momento muito complicado da minha vida foi ela quem soube trazer-me paz e equilíbrio. Antes dela tive um bom cardápio de namoradas todas elas bem bonecas, magras, bonitas, esbeltas, e bem abastecidas financeiramente, com as quais vivi momentos muito tórridos e cenas só permitidas a maiores de 18. Mas todas elas sofriam do mesmo defeito. Em questão de amor, atenção, prazer e afectividade, elas só gostavam de receber, eram autênticas esponjas, e pouco mais sabiam fazer para além de despir a roupa e ficar quietas para que eu pudesse fazê-las viajar até a lua. Dos meus 18 aos meus 24 anos era só isso que representava para elas. Era uma espécie de homem astronauta. Mas a minha mulher soube alterar tudo isso e preencher essa grande lacuna que tinha na minha alma. A falta de atenção e reciprocidade. Não se limitou a receber todo o amor e prazer que tinha para lhe dar e quis retribuir-me tudo isso em dobro ou pelo menos em igual medida. Com ela sentia que era amado, valorizado. Sentia-me alguém especial. E quando passamos a sentir aquela necessidade inquietante de estar perto de alguém, deixamos de ter quaisquer dúvidas sobre a importância daquela pessoa na nossa vida. A química era imensa, o diálogo era fluido e fácil, e como o tempo que podíamos passar juntos já parecia ser curto, pelo menos aos nossos olhos, o desejo de casar depressa ganhou forma. Já não receava casar, e mesmo que não acreditasse inteiramente nos seus efeitos, ainda assim tinha a noção de que o casamento trazia algumas boas vantagens. Para além daquela vantagem óbvia de termos alguém para aquecer os nossos pézinhos nas noites frias de inverno, sorria de contentamento só de saber o mundo de oportunidades que se deparava diante de mim, nomeadamente a possibilidade de realizar algumas fantasias sexuais e as habituais sessões de sexo tórrido e avassalador que poderiam ser praticadas a qualquer hora do dia, logo que houvesse clima e vontade para o efeito, sem termos que gastar dinheiro com quartos de hotéis ou ter que recorrer ao tradicional carro irrequieto dos vidros embaciados debaixo da ponte (Sim, eu sei, tive que estragar a beleza toda deste texto com graçolas sobre sexo). Assim, no dia em que casei, guardava em mim apenas apenas uma certeza. Se aquela mulher fosse capaz de me aturar durante 5 anos seguidos, eu sabia que iria amá-la para toda a vida.
O nosso casamento começou e decorreu como qualquer bom casamento que se preze. No início foram muitos abraços, beijinhos, sexo, partilha, risadas, sexo, programas a dois, passeios, viagens, mais sexo, diálogo, cumplicidade, vontade constante de estarmos um com o outro, outra vez sexo, piqueniques, praias, cinemas, convívio com a família e amigos, mais sexo ainda, trabalho, planeamento, projectos e para terminar...vai mais um pouco de sexo antes de dormir. Passados estes 20 anos, satisfaz-me saber que, embora muita coisa tenha mudado na nossa vida em comum, o sexo conseguiu ainda assim sair ileso (uma salva de palmas para ele, clap clap clap). Mas nem tudo foram rosas. Ai que não foram mesmo. Também nós, à semelhança de qualquer outro casal, tivemos as nossas crises, as nossas brigas, as nossas pequenas/grandes discussões, mas também foi através delas que tivemos a possibilidade de fazer o nosso amor crescer e florescer no lugar da paixão. Cometi muitos erros e fiz muitas asneiras. Asneiras essas que poderiam ter estragado irremediavelmente o equilíbrio da nossa vida em comum, mas aquela mulher soube sempre perdoar-me tudo. Nunca lhe fui desleal, mas se não fosse alguns erros graves que cometi...hoje poderíamos estar numa situação muito mais segura , relaxante e desafogada em termos financeiros. Sim, aquela mulher aturou muita coisa de mim, e sofreu muito por minha causa. Não tenho vergonha de confessar que se hoje ao fim destes 20 anos conseguimos ainda estar juntos, é tudo graças a ela. É por ela ser uma grande mulher. Sempre foi e será a minha grande rainha. Devo-lhe tudo o que sou hoje, enquanto pai, marido e ser humano. E é por isso que nos próximos 20 anos que se avizinham, apenas alimento um desejo que se tornou quase uma missão: Retribuir-lhe com todo o meu ser, todo o carinho, amor, paixão, compreensão, tolerância, dedicação, paciência e atenção que ela tive todos estes anos para comigo.


2 comentários:

  1. É claro que é graças a ela. E bem merece as tuas palavras, ao que ela atura... :)

    Agora falando a sério, parabéns aos dois.

    O casamento é um caminho trilhado a dois. O caminhos tem sempre obstáculos. E não interessa saber quem foi contra os obstáculos. Se o outro deu a mão e ajudou a ultrapassar esses obstáculos, então é porque a relação vale a pena.

    E a tua vale a pena. :)

    Beijos

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    1. Obrigado Nina, sabes bem como me é importante ouvir isso de ti. Cometi muitos erros que ainda hoje lamento mas lá diz o ditongo popular de que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes, mas também é verdade que a nossa relação conseguiu sobreviver por ela ter sido capaz de perdoar as minhas falhas. Se eu valho a pena? Entregar-me-ei de alma e coração nesta relação para que isso possa ser verdade. Ontem pensava sobretudo em mim, e nas minhas necessidades, hoje só quero vê-la feliz. :)

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."