Israel vence Festival Eurovisão da Canção...e Portugal regou mal o seu jardim...

Previa-se uma tarefa bastante árdua e difícil, e embora já temesse ontem que Portugal não fizesse uma boa figura no Festival Eurovisão da Canção 2018, face à qualidade das músicas apresentadas nesse certame, nunca imaginei que a sua prestação pudesse ser tão fraca a ponto de ser massacrado com o último lugar. Foi uma autêntica miséria. A Cláudia Pascoal regou tanto o seu jardim que acabou por afogar-se nele. Nem os países tradicionalmente conhecidos por acolherem uma grande comunidade de imigrantes portugueses quiseram nada connosco desta vez. Seria possível imaginar países como a França, Alemanha, Bélgica e Espanha não nos darem sequer 1 pontinho que seja para a gente poder palitar os dentes? Se não era possível, agora passou a ser. Abriu-se um precedente. A nossa música era tão má, que até os nossos compatriotas ficaram indignados e apagaram a televisão. Não há dúvidas de que somos mesmo um país muito dado a extremos. Não há volta a dar. Num ano somos os primeiros, no ano seguinte somos os últimos. Só assim nos sentimos bem no nosso corpo e só desta forma é que sabemos trabalhar. Começo a achar que devia dar razão àqueles que diziam que o Salvador Sobral só ganhou o Festival porque aquela história dele estar a morrer e precisar de um novo coração para sobreviver deve ter enternecido o mundo e quiseram dar-lhe uma bonita lembrança antes de ele bater a caçuleta. O mundo gosta de emoções profundas alimentadas por mensagens impactantes, dizem. E dai talvez não, se ela fosse assim tão má como a maioria daquelas que costumamos trazer na bagagem quando participamos em festivais, teria ela merecido honras de ser produzida em várias línguas, cantada por vários artistas, difundida em vários programas, que ocorreram em vários pontos do globo, como acabou por acontecer? Sinceramente não creio. Nós é que estamos viciados nisto, de procurar sempre o melhor e o pior de cada coisa. Se hoje fartámo-nos de elogiar algo, amanhã temos que saber encontrar uma forma de criticá-la. A subjectividade lusa assim o dita. O que é certo é que passou-se assim. A galinha israelita de kimono e pompons na cabeça, atirou milho para a plateia e ganhou o Festival Eurovisão da Canção 2018 com uma música de cocorocó - que este ano irá bater seguramente nas discotecas do mundo inteiro e no próximo ano já ninguém se lembrará que ela existe, a não ser quando for cantada no próximo festival - e vi músicas de calibre muito superior a serem ridicularizadas com os últimos lugares da tabela, excepto Portugal, obviamente, porque o seu último lugar, esse, e ao que parece, provou ter sido merecido. Felizmente que a RTP soube realizar um espectáculo grandioso como há muito tempo não se via na Europa, o que tornou-a digna dos maiores aplausos e elogios que certamente deverão ser feitos pelo mundo inteiro, pois caso contrário...a nossa humilhação teria sido muito mais difícil de digerir.

Agora só devemos voltar a participar na Eurovisão daqui a dois anos, o que não é forçosamente uma má noticia já que para o ano o Festival vai ser realizado em Jerusalém e é provável que aquela cidade tenha deixado de ser um lugar seguro depois daquele idiota do Trump tê-la reconhecida como capital de Israel e ter ordenado a mudança da embaixada norte-americana para lá...

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2 comentários:

  1. Sou uma compatriota,há muitos,muitos anos em França que não gostou nada da nossa canção.
    Mesmo assim tentei telefonar para o n° que diziam para cada canção,tentei tudo,queria que Portugal ganhasse mesmo a não gostar nada,nem da canção,nem da maneira tão triste a quase não perceber o que cantava,enfim!!!queria simplesmente apoiar Portugal para não ficar como ficou mas não consegui,eu punha o 00351 à frente,eu punha tudo como diziam,uma voz dizia que o n° não era atribuído,falei com os meus filhos,com amigos,e... ninguém conseguiu.Que raio de n°que não sendo a primeira vez não somos capaz de participar?
    Não Francisco,nós não deixarmos tombar Portugal,nós não o podemos fazer.Cumprimentos.

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    1. Anónimo, tiveram um ano para pensar no assunto...e depois de tanto querer regar o jardim, acabaram por meter água por todo o lado. Ninguém pedia que voltassem a ganhar a Eurovisão, mas o país organizador ficar com o último lugar da tabela...é no mínimo frustrante e vergonhoso. É como a Rússia organizar o Mundial de Futebol e perder os jogos todos. Nessa parte a RTP falhou redondamente. Por jogar em casa, tinha por obrigação recorrer aos melhores autores, nem que eles fossem estrangeiros. Não sabia que houve esses problemas técnicos no sistema de televoto...e talvez isso explique a razão que levou Portugal a receber tão poucos pontos de países tradicionalmente "amigos". É evidente que isso não deixa ninguém contente mas desta forma também fico mais satisfeito por saber que os nossos compatriotas, apesar de não gostarem do que lhes foi apresentado, continuam a apoiar o seu país natal.

      Cumprimentos para si também.

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."