Amor disse ela...

Orgulho gay: Nova capa da revista 'Cristina' contra o preconceito
Imagem da Net

Hoje, depois de fazer algumas compras, decidi encher o depósito de gasolina do meu carro num posto de combustível da PRIO. Enquanto esperava na fila a minha vez de pagar, olhei para o lado das revistas e quase ia caindo de lado - tal a força do impacto - quando vi algo bastante incomum exposto nas prateleiras da banca. Era a revista da Cristina Ferreira que, supostamente, este mês decidiu abordar o tema do "Amor" em todas as suas variantes (homem/mulher, mulher/mulher, e homem/homem) mas quem olhar mais de perto percebe perfeitamente que o verdadeiro tema em destaque é o fim do preconceito em torno da homossexualidade (porque falam sempre de amor quando o assunto é sexo?). Primeiro fiquei um bocadinho espantado por ver uma revista portuguesa abordar o tema "Gay" de uma forma tão directa e desinibida mas, como sou uma pessoa muito desconfiada por natureza e olhando para o trabalho que a revista tem feito desde que foi criada, pensei logo para mim que a intenção da "Cristina" devia ser mais no sentido de causar impacto e ganhar mais uns cobres à custa do tema do que propriamente abraçar uma eventual causa humanitária. Mas até nesse ponto permaneci confuso. Uma coisa é o mundo da televisão ao qual a Cristina Ferreira pertence e onde o preconceito "Gay" praticamente não existe e outra coisa bem diferente é o mundo real dos pobres "portuguesitos" onde esse preconceito continua bem vincado e parece estar mais forte do que nunca. Por isso, se a intenção da revista era atingir um recorde de vendas, num país tão homofóbico quanto o nosso, receio bem que esta tenha sido a pior ideia de sempre dessa revista mesmo que ela esteja disfarçada com o falsa desculpa do "Amor". Ainda por cima acho que a revista escolheu muito mal as fotos que decidiu apresentar. A foto do casal dos homens nem vale a pena comentar porque, como vocês estão cansados de saber, eu acho todos os homens feios (eu incluído), logo, não é esse casal que vai conseguir encher-me as medidas. O que eu condeno sobretudo é a escolha da foto para representar o casal de mulheres. Para ser o mais sincero possível, acho estas mulheres quase tão feias quanto os homens. A do lado direito então nem se fala, se não a vir sem roupa duvido até que seja mulher. Sempre valorizei imenso a graciosidade, o glamour e a feminilidade das mulheres e aquelas coisas parecem sobretudo uma péssima representação de "Marias Machonas". Biarkkk....mas que coisinhas mais horrendas! acreditem que se visse isto na rua punha-me logo à frente dos meus filhos como quem está a protegê-los de algum perigo.
Antes que comecem a atirar-me pedras aviso-vos desde já que não tenho rigorosamente nada contra a homossexualidade mas também não sou daquelas pessoas que sentem a obrigação de defender uma causa só para provar que não são contrários a ela. A mim esse tema passa-me completamente ao lado. Não sou a favor nem contra, simplesmente deixou de interessar-me. Digo deixou porque não foi sempre assim. No passado também eu fazia muitas piadas sobre o assunto e metia-me algum nojo imaginar dois homens a fornicar um com o outro mas como a vida está sempre a ensinar-nos coisas, e só se nega a aprender quem for teimoso ou burro, com o passar dos anos comecei a ganhar uma opinião bem diferente. Diga-se o que se disser, e visto de fundo, a homossexualidade não passa de uma preferência sexual, logo, que diferença podia bem me fazer a forma como os outros à minha volta gostam de fornicar entre eles? É só sexo minha gente. E sexo consensual entre duas pessoas ainda por cima. Que direito tinha eu de questionar a sexualidade das outras pessoas e que podia eu recear delas? Será que, pelo facto de gostar de homens, tinha que proteger o meu rabo de cada vez que passasse por um Gay? Isso é uma autêntica palermice. As coisas não funcionam dessa forma porque se assim fosse, como eu sou "hetero", então as mulheres também tinham que se proteger quando passassem por mim. Depois de ultrapassar este pequeno "preconceito", ainda assim mantive-me relutante durante um bom tempo em relação ao tema da adopção de crianças por casais homossexuais. Achava muito nefasto para a vida de qualquer criança ter que estudar um dia numa escola e ser conhecido como um filho de "panilas ou panascas". Considerava que toda a criança tinha o direito de crescer feliz e que não era justo ele ter que carregar o fardo dos pais. Mas depois, anos mais tarde, quando soube através da televisão do caso de uma mãe que deixou o seu filho, um bebé de alguns meses que estava desidratado e com fome, na mala do seu carro para tomar o seu "galãozinho" na pastelaria enquanto o carro estava a ser lavado, pensei para mim que, se calhar, aquele filho teria tido mais sorte na vida dele se tivesse sido adoptado por um casal Gay. Que interessa quem seja a cuidar? O que interessa é que haja muito amor na família para distribuir entre todos. Assim, ainda que não seja um real defensor da causa, pelo menos deixei de ser um opositor e acho que também isso tem o seu valor.

10 comentários:

  1. Congratulo-me com a tua mudança que já tinha detetado com a alteração do texto que acompanha a tua "apresentação". Quanto às capas devo confessar que acho muito mais interessante a foto dos homens do que das mulheres. Uma das mulheres, sinceramente, parece-me mais um homem que uma mulher. Mas é tudo uma questão de gosto pessoal.

    Bjs

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    1. As tantas ainda vão descobrir que se enganaram na fotografia. Ou então a Cristina Ferreira defende o amor e o fim do preconceito mas não gosta particularmente de ver fufas. :))

      Bjs

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  2. Eu não condeno esta capa de revista, e acho que há e sempre houve pessoas de todo o tipo, mais ou menos responsáveis, independentemente da orientação sexual.
    Não aprecio as pessoas que fazem questão de mostrar se são hetero ou Gay, como se de um rótulo se tratasse que deve andar sempre colado na "testa do produto".
    Que tal encarar a questão como a realidade e normalidade dos nossos dias? Ainda estamos longe de conseguir terminar com determinados preconceitos, mas se esta e outra capa de revista vier para ajudar nessa questão, então não vejo nada de anormal, tentar abordar o assunto e entender que não devemos julgar o vizinho apenas porque ele tem uma orientação sexual diferente da nossa. Orientação essa que nem a própria pessoa escolheu.
    O ideal seria viver e deixar viver, mas nem sempre é assim, infelizmente.

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    1. Perfeitamente Clementina. Pelo facto de encarar esta questão com toda a normalidade é que não sinto interesse nenhum pelo assunto. Por mim podem viver todos na maior paz, agora, não sou eu que vou defender a causa deles. Há causas que considero mais nobres e nem por isso recebem a minha ajuda. As vezes até acho que são as próprias revistas a alimentar o preconceito quando abordam sistematicamente o tema da homossexualidade e referem-se a ela como se continuasse a ser considerada uma doença para a maioria das pessoas.

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    1. Pareces surpreendido Solo. O próprio nome revela tudo tudo. Se não tivesse um significado manifestamente sexual, a palavra Homossexualidade não terminaria com o termo sexualidade...

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    2. Essa leitura literal que fazes faz-me acreditar que não percebeste a minha pergunta, (embora apenas tenha citado o que dizes várias vezes no teu texto). O que realmente queria perguntar era se quando dizes "a homossexualidade não passa de uma preferência sexual" achas que a homossexualidade encerra em si mesmo apenas um gosto sexual como se de uma tara sexual se tratasse. Além disso percebo o conceito que defendes de que as mulheres para ti tem que ter um ar gracioso e feminino, mas acho altamente preconceituoso a avaliação que fazes das mulheres da fotografia quando lhes chamas "Marias machonas" como se uma mulher o fosses menos mulher porque não é bonita ou tem um ar que foge aos padrões que aprovas - acho essa avaliação um reflexo do facto de saberes que as tipas são lésbicas, isto é concordarás que há mulheres ainda mais feias mas se tivessem de vestidinho e de mão dada c um homem provavelmente acharias apenas que não eram bonitas. Estou à vontade para falar do assunto porque só gosto de mulheres giraças, mas uma coisa é o meu gosto pessoal, outra é homofobia. Provavelmente as mulheres da fotografia são aquelas apenas por que são de facto lésbicas e aceitaram posar para a revista.

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    3. Solo, em matéria de sexo, logo que ele seja consentido entre todos os intervenientes e não prejudique ninguém,para mim não há nada que possa ser considerado condenável. Muito pelo contrário, as taras até são boas porque geralmente trazem mais pimenta ao assunto. Contudo, não posso dizer que me encanta ver dois homens a beijarem-se porque não me encanta minimamente. E não tem nada a ver com homofobia, é uma coisa que simplesmente cria-me calafrios. Em relação ás mulheres, creio que fizestes uma interpretação errada. Não tenho nada contra as lésbicas, aliás, muito pelo contrário, a imagem de 2 mulheres a beijarem-se excita-me bastante. :)
      Acredita que o meu comentário só teve mesmo a ver com aquilo que aprecio e gosto de ver numa mulher. Gosto da imagem de uma mulher amazona, morena, sensual e feminina, e de cabelos longos caídos sobre os seus ombros. Logo, quando vejo uma mulher de cabelo a maria rapaz, toda tatuada e carregada de ferro na pele, a única imagem que isso me lembra é...a de um homem. E como não gosto de homens,também não posso gostar dela. Acredita que é só mesmo isso. Pode ser bonita para muita gente mas para mim não é.

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    4. Logo a seguir a escrever aquilo que escrevi, arrependi-me, mas como tens isto em modo aprovação não dá para apagar. Não porque quisesse mudar uma virgula das IDEIAS que transmiti, mas porque tenho o mau hábito de ser demasiado acutilante naquilo que escrevo (e digo) e não poucas vezes firo as pessoas quando essa nunca (raramente vá) é a minha intenção. Isto porque a verdade é que a maneira como escrevi acaba por parecer uma crítica e até uma sentença sobre a tua pessoa, e como disse, essa (quase) nunca é a minha intenção, apenas discutir as ideias. Hoje em dia, no que toca ao discurso direto já opto muitas vezes por ficar calado, aqui como expliquei já não consegui apagar. Tanta treta só para apresentar as minhas desculpas por ter sido um bocado agressivo nas palavras e fazer aquilo que condeno no próprio texto que é julgar quem não se conhece. É da idade, mesmo não parecendo, estou a tornar-me um velho chato e quezilento...

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    5. Mas que nada Solo, porquê pedir desculpas se não me ofendestes de nenhum modo. Quem aceita os elogios também tem que saber aceitar as criticas e não é nenhuma ofensa para mim alguém estar em desacordo comigo. Foi como dissestes, não me conheces e estás a aprender a conhecer-me. Acredita que sou boa onda e valorizo estas "discussões". Lá diz o ditado: "O que seria do azul se todos gostassem do amarelo". Opina sempre que quiseres e não te arrependas de nada. Mi casa es tu casa. :)

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."