Ontem foi dia 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Durante o Estado Novo, numa altura em que só havia ditadores estúpidos e malucos espalhados pela Europa fora, em Portugal este dia era também conhecido como o dia da raça que pretendia exultar os heróis do passado e todos aqueles portugueses ilustres que a classe aristocrata tanto gosta de engrandecer mas que só recolhe a indiferença da populaça. Hoje em dia celebra-se sobretudo a cultura de um povo único no mundo, porque só existe uma raça...que é a humana, e tudo o resto não passa de pura fantasia. Quando alguém tenta dizer-me que o Afonso I de Portugal (Afonso Henriques) tinha sido um grande herói porque revoltou-se contra a mãe Teresa de Leão e proclamou-se rei após vencer esta última na batalha de São Mamede e os mouros na batalha de Ourique, quando é sabido que o seu único objectivo era tomar de assalto o poder vigente e criar um império monárquico só para ele, tudo isso dá-me uma grande vontade de rir. Tanto naquela altura como nesta, não só aqui como em qualquer parte do mundo, o ser humano foi sempre capaz de fazer tudo e atingir os impossíveis para conquistar o poder e fazer crescer os seus valores materiais. Ontem era com a lei da espada, mas hoje como a sociedade tornou-se aparentemente menos violenta, passou a ser com a lei dos mafiosos e dos corruptos. Ontem como hoje, nada merece honras de ser glorificado.
Mas porque o povo precisa de heróis e é preciso saber entretê-lo com circo, nada como repetir sucessivamente as formulas de sucesso provenientes do passado, para dessa forma ajudar a eternizar o ciclo. Desta feita, o papel coube ao nosso actual presidente da republica Dr honoris causa Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que, dando uso ao seu carisma e à sua experiência de jornalista e "entertainer" comentador televisivo, festejou o feriado na cidade do Porto e pediu aos portugueses algo muito peculiar. Pediu um Portugal independente e livre. Independente do atraso, da ignorância, da pobreza, da injustiça, da dívida, da sujeição. Livre da prepotência, da demagogia, do pensamento único, da xenofobia e do racismo". Que é como dizer, pediu aos portugueses tudo aquilo que nunca serão capazes de ser, nem de dar. E tenho a certeza que ele sabe disso.
Ele sabe mas nós portugueses temos ainda aquele não sei quê, não sei como de querer acreditar nos impossíveis da vida, em potes de ouro no final de arco-iris e finais felizes e nisso Marcelo é excelente. Os portugueses precisam - será que precisam? - de acreditar neles mesmos e em coisas positivas. Tudo bem, mas como nas historias do sonho e da realidade o pior é acordar e perceber que nem tudo ou quase nada são rosas, ou cravos.
ResponderEliminarMiguel, de tanto ser optimista e querer acreditar nos "impossíveis da vida" é que os portugueses se colocaram na situação que vivem hoje. Trata-se talvez do nosso maior defeito. Não gostamos do que é possível porque o "possível" não tem piada. Quando temos que agir, esperamos sempre pelo impossível e como o possível não é eterno, acabamos sempre por ficar a ver os navios a passar. Oh!...outro barco que partiu sem mim! :)
EliminarA época dos ´Celinhos! :)
ResponderEliminarPara quem gostar de fazer colecções... :)
EliminarAqui sou mais optimista que tu. Apesar de todas as dificuldade, ainda acredito no meu País.
ResponderEliminarBeijo
Eu gostava de acreditar mas confesso que tenho sentido cada vez mais dificuldades. Se não for o Cristiano Ronaldo ganhar algumas bolas de ouro de vez em quando, para nos lembrar que somos portugueses, até parece que não temos país. :(
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