Catalunha perdida por entre as brumas da desgraça...

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Está a ser criado um paradigma extremamente perigoso na Catalunha. Depois de no passado dia 01 de Outubro ter havido um referendo onde 90% dos cerca de 2 milhões de eleitores que ocorreram às urnas (42% do total) votaram a favor da independência da região face à Espanha, agora a imprensa dá-nos conta que ocorreu na cidade de Barcelona uma manifestação composta por cerca de 1 milhão de pessoas que vieram protestar a noticiada intenção de Carlos Puigdemont (presidente do governo da Catalunha) de proclamar na próxima terça-feira (amanhã) a Declaração de Independência da Catalunha. No Post anterior critiquei a actuação do governo espanhol que me pareceu trapalhona, sobranceira e totalmente despropositada, mas agora gostaria de dizer que este povo catalão não juizinho nenhum na cabecinha. Sim a Catalunha sabe que é a 2ª região mais populosa e a mais rica de Espanha. Sim a Catalunha ficou ferida por ter sido ofendida, agredida e humilhada pelo governo espanhol. Sim a Catalunha sabe que é poderosa e que pode destruir a economia e hegemonia da Espanha. Sim a Catalunha deve julgar que tem a faca e o queijo na mão. Mas não tem. O que a Catalunha não sabe é que uma grande parte da sua riqueza foi conquistada com a colaboração da Espanha e que, sem ela, toda a riqueza que pensa ter hoje vai esfumar-se lentamente amanhã. A Catalunha precisa de consciencializar-se de que só existe uma forma de ela conseguir ser independente e não morrer, é sair a bem da Espanha, porque se ela quiser sair a mal...isso vai ser a sua completa desgraça. Durante este fim de semana, e graças a uma legislação aprovada urgentemente pelo governo, já foi posto em marcha um verdadeiro êxodo de empresas importantes (muitas das quais catalães) que tinham a sua sede na região, por recear que este conflito pudesse atingir proporções mais desastrosas e mexer com o mercado das Bolsas, atirando desse modo as suas acções para mínimos históricos. E com razão! Numa perspectiva puramente económica, para uma empresa que esteja habituada a explorar um mercado composto por cerca de 200 milhões de potenciais consumidores, acaba por ser bastante dramático ela constatar que, de repente, esse mesmo mercado foi reduzido drasticamente para 7 milhões...
É por isso que considero que a Catalunha não só está a arranjar lenha para se queimar como para fabricar também o seu próprio caixão. Não comento a legitima ambição do Carlos Puigdemont de querer aproveitar esta conjuntura e ser imortalizado nos livros da história como sendo o grande obreiro e o homem responsável por conquistar a independência daquela região. O ser humano é capaz de fazer de tudo e mais alguma coisa para morrer famoso e ser depois recordado pelas gerações vindouras. Ainda para mais, costuma-se dizer que pimenta no cu dos outros para mim é refresco e o povo da Catalunha ainda não percebeu que é o rabo deles que está a ser visado.Também não comento a esperada e irresponsável irreverência da juventude catalã, que hoje em dia calça sapatilhas Nike, sempre viveu bem e nunca teve que passar por dificuldades, sabendo que para eles isto não passa de uma brincadeira para matar o tempo e publicar algumas fotos no Facebook que foram tiradas pelo seu iPhone novinho em folha ("Olha eu ao pé da estátua e lá no fundo tem um policia a espancar uma velha! Mas que horror! Ninguém faz nada? Viva a Catalunha!"). Se essa mesma juventude soubesse que toda essa alegria e efusividade podiam ser transformadas mais tarde em miséria, dificuldades de vida e fome, tenho a certeza que eles iriam ficar logo tão preocupados em ter que vender os seus iPhones que jamais teriam-se dirigido às urnas. É muito lindo quando crescemos a pensar que o mundo só é feito de flores, Jogos e Internet, comida na mesa e de Amor pintado com tons de azul bebé e/ou cor-de-rosa. Critico sim é a actuação do restante governo catalão, do comércio local, das empresas que sempre financiaram apoiaram este movimento independentista e da população em geral que, em pleno século XXI, tem a obrigação de estar muito melhor informada. Mas que pensam eles que vão conquistar afinal? Para que uma nação possa sobreviver ela precisa de aliados e parceiros comerciais. E quem vão ser esses parceiros? Será que eles acreditam mesmo que, depois de uma desfeita destas, o poderoso e portentoso porto de Barcelona vai continuar a importar e exportar  as necessidades espanholas? Será que eles acreditam que os países da Europa vão atrever-se a firmar acordos com eles ofendendo desse modo o seu parceiro europeu? Nem a União Europeia permitiria alguma vez que algo do género acontecesse. Mesmo que eles consigam celebrar acordos comerciais com a América ou com a China, por exemplo, qual irá ser o país europeu que se atreverá a aceitar mercadorias americanas ou chinesas provenientes da Catalunha? E quem fala do comércio marítimo, fala de tudo o resto. Será que a Catalunha acredita mesmo que consegue ser auto-suficiente sem o envolvimento e proteccionismo da Espanha? Parece-me bastante visível que as consequências sociais iriam ser dramáticas. Para mim, nesta sua ânsia de tornar-se independente, a Catalunha vai ver-se transformada de repente numa autêntica ilha e vai lamentar com sangue o seu erro porque, depois de uma burrada tamanha, e face às divisões que possui no seio da sua sociedade, o passo seguinte seria inevitavelmente a guerra civil...e essa seria também a maior e melhor lição que a Espanha poderia oferecer aos outros movimentos independentistas, principalmente o país Basco.

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