No dia da Terra...

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Hoje, por todo o mundo, festeja-se o dia da Terra e este talvez seja o post que as pessoas irão menos gostar de ler de todos aqueles que escrevi. Mas primeiro comecemos pela parte boa e vamos falar deste dia tão singular que desde 1970 tem procurado despertar a consciência dos homens para os problemas ambientais que tem fustigado cada vez mais a saúde ambiental do nosso Planeta. Hoje talvez seja possível encontrar pelo mundo um resquício dessa consciência. Acredito que um pouco por toda a parte, desde a América até a cochinchina, as cadeias televisivas irão fartar-se de noticiar tudo o que de mais belo e bonito está a ser feito neste dia para tornar o planeta mais limpo e mais amigo do ambiente. Com recurso a imagens de todo o tipo, seja de um velhote a plantar uma palmeira no Haiti ou uma turma de crianças a dar as mãos e a fazer uma rodinha à volta de uma árvore algures no Japão, ou até mesmo de um chinês a fazer festinhas na cabeça de um urso panda, seremos imediatamente transportados para um mundo imaginário onde é possível haver paz e amor entre os homens, onde o futuro da humanidade tem um aspecto risonho e a poluição do planeta ficou condenada a tornar-se apenas um mito. Hoje, um pouco por toda a parte, haverá quem apanhe um papel do chão e quem faça a distribuição correcta do lixo no ecoponto. Vidros no contentor verde, pilhas no "pilhão" vermelho, papeis e cartão no azul, metais e embalagens de plástico no amarelo. Wuauu! hoje haverá muita gente orgulhosa de si própria, e sentirá muita pena de não poder fazer isso todos os dias. Tomará que o "Dia da Terra" pudesse ser celebrado todos os dias e talvez assim já fosse possível...

Hoje toda a gente é "Green". Hoje toda a gente é amiga do planeta.

Mas amanhã já é outro dia, e tudo aquilo que hoje consideram importante relembrar, amanhã tudo deixa de ter significado. O ser humano, infelizmente, tem a memória demasiado curta e consegue esquecer à velocidade da luz tudo aquilo que considera de pouco interesse. Toda a gente gosta de ter um planeta verde, com campos verdejantes, céus de azul cristalino e oceanos de azul profundo, mas as pessoas só se lembram de valorizar tudo isso quando um certo dia acordam de  manhã e dão-se conta que deixaram de o ter. Sejamos honestos, ninguém se lembra da camada do ozono, das alterações climatéricas, da subida do nível das águas do mar, do aumento acelerado da temperatura global do planeta ou do filme do Al Gore, a não ser quando uma tempestade violenta lhe aparece à porta e leva o telhado, uma montanha se abate sobre as povoações circundantes através do deslizamento de terras provocado pela chuva insistente ou um tsunami surge sem aviso varrendo tudo à sua passagem, provocando centenas ou milhares de vitimas. Enquanto a tragédia viver na casa alheia ninguém fica preocupado com nada. Ufa, foi mesmo ali ao lado - pensará muita gente enquanto a mídia contabiliza o números de mortos provocados por um deslizamento de terras ocorrido algures nas Filipinas. O mundo estará sempre bem para a parte do mundo que estiver a viver bem. Mas mesmo quando não acontece nada, nada está bem em lado algum, nem nunca estará.

E é neste ponto que eu chego à parte menos divertida deste post. Se não quiserem ficar deprimidos, aconselho-os desde já a parar de ler este texto. Lamento dizer-vos mas seja qual for o esforço do homem, o destino da humanidade será sempre dramático. Pode não ser agora, pode não ser daqui a 100 anos, ou mil, mas um dia irá sê-lo de certeza absoluta e quando esse dia chegar...ninguém lamentará o desaparecimento do Tigre da Sibéria, do Urso Panda, da Onça Pintada, do Tubarão Branco, do Golfinho, da Coruja das Torres ou do Koala, e se encontrar algum deles, será sempre para metê-lo imediatamente na barriga antes que mais alguém apareça. Vejam as coisas desta forma. Comparem o planeta Terra a uma chávena de café e nós somos os pingos de café que estamos a ser introduzidos lenta e docemente dentro dela. Façamos o que fizermos, haverá um dia em que já não haverá espaço e a chávena irá entornar, e nessa altura...a vida do homem será muito dramática. Iremos matar-nos uns aos outros e, para sobrevivermos, poderemos ser forçados a ter que fazer coisas muito desumanas para comer. Não sei se já terá acontecido no passado, mas sei que irá acontecer seguramente no futuro. Assim, acredito muito firmemente que todas estas alterações climatéricas que são resultado de todo o mal que estamos a fazer ao nosso planeta, ao invés de virem a ser a destruição do homem, acabará por ser a salvação da sua presença no mundo. Para uma parte dela e por mais um período de anos pelo menos, porque em todas as carnificinas, genocídios e tragédias humanas relatadas na nossa história, há sempre uma parte que consegue sobreviver ao mais terrível dos apocalipses. Como uma rosa nascida no meio do cimento, para começar tudo de novo...quiçá.

Eu avisei que vocês não iam gostar...

2 comentários:

  1. O próprio ser humano se destruirá assim como tudo o que o rodeia...ganancia.
    Abraço
    https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/

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    1. Ganância...ou apenas a evolução natural das coisas para satisfazer o equilíbrio que a própria natureza estabeleceu. Num mundo onde a bondade e generosidade impera, a ganância estará sempre a ser gerada algures com igual ou maior intensidade a fim de conseguir anular os efeitos das duas primeiras...

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."