Os nervos à flor da pele...

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Não tinha intenção de falar disso e preferia abordar outro tipo de assunto mas um comentário deixado pela Ni no post em baixo incentivou-me a fazê-lo. Ontem de manhã presenciei uma situação deveras caricata, de tal modo ela pareceu-me ridícula e risível em vários pontos. Fui fazer as compras ao hipermercado aqui da zona - que abstenho-me de dizer o nome para precaver-me de eventuais processos de difamação que possam surgir, bastando apenas dizer que, ainda que seja igual aos outros, é um local conhecido por oferecer preços muito "MINI" - a fim de comprar bananas, arroz, uma lata de leite condensado, azeite e um pacote de pensos higiénicos para a minha mulher (sim, sei que não precisava de ser tão especifico mas achei por bem sê-lo desta vez, só para que saibam que levo as minhas compras muito a sério), e, algures perto da secção do leite, vejo uma mulher a resmungar com o seu companheiro ou marido. A razão dos seus resmungos era o facto, indesmentível e muito habitual naquela superfície comercial, de haver tantos produtos expostos para os quais faltava a respectiva indicação do preço. Temos sempre que andar atrás deles, dizia ela e muito bem. Depois de chamar a atenção da empregada que, coitada, por "distracção" circulava por lá, e confirmar o preço do produto que tencionava comprar, agarrou nele, meteu-o dentro do carrinho e virou costas sem agradecer seja o que for quase como se estivesse com vontade de dizer:"tu é que devias agradecer-me por te obrigar a ser mais competente". Uns minutos mais tarde volto a encontrá-la perto da secção dos congelados, desta vez a refilar com outra menina da loja por uma razão que eu não entendi muito bem mas que parecia estar relacionada com a falta de profissionalismo dos funcionários daquele espaço. Entretanto termino as minhas compras e dirijo-me à caixa de pagamento quando acontece a cena cómica final. Junto do "tapete" da caixa, estava um expositor cheio de ovos de chocolate da Páscoa que, para não variar, não tinha os preços indicados, e quis o destino, zombador como só ele sabe ser, que a dita mulher fosse atraída por eles e corresse imediatamente na sua direcção para tocar/avaliar melhor o produto e decidir se valia a pena comprá-los. Mas quando viu que não havia preços...então ai...saltou-lhe a tampa de vez. A mulher parecia quase possessa. 

Tudo isto porque, quando ficou aborrecida e chamou a atenção da empregada que estava na caixa, primeiro foi ignorada pela mesma, como se ela fosse uma doidivana qualquer que gosta de falar sozinha, mas depois, quando viu que estava a ser ignorada, subiu o tom da voz, exigiu respeito e ameaçou com o livro de reclamações, o que levou a dita empregada a pedir-lhe para falar com mais calma e tocar uma campainha para chamar a sua "chefa", de maneira que fosse ela a resolver aquela situação. Como a "chefa" tardava a chegar, a mulher começou a perder a pouca paciência que tinha já que ela queria prosseguir as suas compras e talvez tivesse muita coisa por fazer em casa, mas como também queria saber o preço dos ovos, perdeu a compostura e começou a debitar alguns comentários desagradáveis. É sempre a mesma merda...já estou farta disto...não sabeis fazer nada em condições....vocês mereciam é que eu pegasse nos ovos e os levasse de borla uma vez que não tem preço indicado...e coisas assim do género. Quando a menina da caixa ouviu da boca da mulher que ela ia levar os ovos de borla, em vez de ficar calada como se recomenda neste tipo de situações ou voltar a apelar à calma, preferiu antes dizer à mulher para ela fazer aquilo que lhe apetecesse, que o problema era apenas dela e que depois isso seria um caso de policia. Fiquei completamente parvo. Parvinho mesmo. Mas entretanto chega a "chefa". Depois de ouvir as queixas da mulher, e em vez de controlar/acalmar a situação, lembrou-se de ser sarcástica com ela e indicou-lhe com o dedo indicador um outro expositor que estava a dois passos dali e que tinha os mesmos ovos de chocolate devidamente identificados com os preços respectivos. Só tinha que abrir os olhos minha senhora....disse ela, para total incredulidade de quem estava a assistir. E pior, quando a mulher argumentou que não era obrigação dela procurar preços, a "Chefa" retorquiu-lhe com um tenebroso "Ó minha senhora, tenha lá paciência", virando em seguida as costas e deixando a mulher a falar sozinha. Obviamente que depois disso a mulher nunca mais se calou e se o estabelecimento não fechasse às 20h, aposto que o espectáculo de circo ia prolongar-se pela noite dentro.

Confesso que fiquei burro com tudo isto. Primeiro com a atitude da mulher que parece apenas interessada em ser respeitada e não parece nada interessada em saber falar com educação e tratar as outras pessoas com respeito. Depois foi a atitude da empregada da caixa que, em vez de matar o problema pela raiz, apelar à calma...com toda a calma...e tratar o cliente com o respeito que merece, como manda o código de boa conduta que ela ter lido algures no contrato que ela assinou com a sua empresa, armou-se em boa portuguesa e tratou logo de mostrar à mulher que estava a cagar-se para a conversa dela (posso ser uma empregada de caixa e ganhar o ordenado mínimo mas tu para mim és merda e eu sou mais importante do que tu) e quando pude dar o "troco", nem hesitou. Foi instintivo (tomá-la que já comestes..).E por fim, a atitude da "chefa" que, de todas, foi aquela que mais me escandalizou. Se a mulher pode ser desculpada pela educação que nunca tive e a empregada pela formação de atendimento ao público que nunca recebeu, o comportamento da "chefa", esse, não tem desculpa possível. Era mais do que sua obrigação acalmar a cliente, conversar com ela, pedir-lhe desculpas ainda que a culpa possa ser dela, servi-la bem e incentivá-la a ter a melhor opinião possível da loja e da  marca que representa. É para isso que ela é paga e é para isso que serve uma "chefa". Mas que fiz ela? Gozou-a e virou-lhe costas. Ou melhor dizendo, humilhou-a...
Mais uma vez ficou provado que o povo português não se presta a servir ninguém. Seja qual for a posição social e profissional que ocupa na sociedade, ele apenas pensa em ser servido, desprezando qualquer atitude/opinião que seja contrária a dele. Fingimos respeitar a liberdade e a opinião de todos mas depois quando chega a hora da verdade agem todos como se fossem ursos. Mas digo-vos uma coisa. Se naquela hora a mulher decidisse assinar o livro de reclamações e me pedisse para ser testemunha dela, aquela empregada mas sobretudo aquela "chefa"...já estariam ambas no olho da rua, mesmo que não sentisse qualquer tipo de empatia ou admiração pelo comportamento da mulher. É uma questão de valores que defendo com toda a minha honra mas sobretudo por uma série de princípios que, naquela situação, foram completamente atropelados e anulados um a um. 

E é também por isso que, naquelas horas, só me apetece ouvir esta música do Mika...


4 comentários:

  1. Francisco, quando me perguntam qual é actualmente o maior problema da sociedade portuguesa, a minha resposta é sempre a mesma: falta de respeito. Está na génese de todos os problemas porque havendo respeito não temos os xicos-espertos (que pensam ser mais inteligentes que os outros); os que gostam de insultar, a coberto do anonimato; os que usam a cunha e o compadrio; os que não pagam impostos para que outros paguem por eles...e podia continuar.

    Mas não fiques nervoso, vamos ter que levar com isto enquanto existirem seres humanos. :)

    Beijos

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    1. Mas Nina, neste momento já nem pedia respeito. Pedia sobretudo um bocadinho mais de calma. Até parece que a sociedade vive numa frenesim constante, como se fosse uma panela de pressão que está a pontos de explodir. Vivemos a fingir que respeitamos o direito à diferença, a liberdade de expressão, a igualdade de classes e de géneros, defendemos causas, derrubamos barreiras e tabus e depois...basta uma voz discordante, uma contrariedade ou um simples teste aos valores que defendemos e solta-se logo o animal que vive dentro de nós. Somos perfidamente intolerantes. É notória a falta de empatia tolerância e paciência que as pessoas têm umas pelas outras. O ser humano tem sido um péssimo actor...e está a custar-lhe cada vez mais manter a sua "máscara".

      Gostaria de não ficar tão nervoso mas por vezes só me apetece dar uma galheta em alguma gente para ver se ela consegue acordar para a vida.

      Bjs

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  2. A louca estava num dia péssimo! Sorry, pero eu ri muito com a actitude da chefa! kkkkkkkkkk

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    1. Agora dissestes tudo Leocadia, a atitude da chefa tanto dava para rir...como também para chorar um bocadinho. :(

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."