A nova Páscoa dos homens...

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Se houve quem não tenha reparado, ontem foi domingo de Páscoa e se há coisa que adoro neste dia é que, a cada ano que passa, ele parece-se cada vez mais com o Natal. A única diferença ainda visível a olho nu, pelo menos para já, é que na quadra natalícia temos a loucura dos presentes do Pai Natal, da aletria, das rabanadas, dos sonhos fritos, do arroz-doce, do bolo-rei e da bola-rainha, do Pão-de-ló e do bolo podre, do bacalhau cozido com molho de cebolada, do polvo à lagareiro, do peru recheado, da polarda e do capão, do borrego assado no forno, do camarão salteado, do tronco de Natal, do sortido de bolachas...(e mais outras coisas que infelizmente não consegui comer devido às manifestas limitações estomacais que acompanham a minha condição humana), enquanto que, a Páscoa, é sobretudo a loucura das prendas do padrinho e da madrinha, do ovo de chocolate, das amêndoas francesas, simples ou com recheio de chocolate de leite, dos chocolates de várias marcas, do coelhinho da Páscoa, do folar de ovos, da tarte de amêndoa, da trança enrolada com creme de avelãs, do Pão-de-ló cremoso, das broas de ovos moles, das trufas de chocolate, da regueifa de maçã, do bolo de chocolate e mousse, dos beijos de freira e dos bombons, do bacalhau à Gomes Sá, do cabrito assado com batatas, da perna de borrego assada...(e mais algumas coisas ainda mas eu ainda não consegui recuperar do Natal). Se perguntarmos a alguém (que não seja padre ou até mesmo o Papa) para que serve as festividades do Natal ou da Páscoa, se calhar alguns vão ficar a olhar para nós como se tivessem levado um murro no estômago (nossa...que violência...), enquanto outros são capazes de fazer aquele ar que faria um burro no meio do pasto se lhe fosse perguntado a utilidade do papel higiénico. Para algumas pessoas, que ainda acreditam estar ligadas a essas coisas da religião/tradição, ainda que muito raramente o padre consiga vê-las na missa, a Páscoa é sinónima de flores que são espalhadas pelo chão para receber o "compasso" e da nota de 5 euros que se mete carinhosamente numa envelope para pagar a "bula", com um nome identificativo muito mal escrito para que não seja possível lê-lo e a freguesia o padre nunca saiba que elas não passam de umas "unhas de fome". Porque seja para comer ou para distribuir, é só mesmo isso que importa nos dias de hoje: o dinheiro. Se dissermos que a Páscoa significa "Ressurreição de Cristo" eles gritam "aleluia, aleluia" e dão um beijo na cruz sem sequer se darem ao trabalho de procurar no dicionário o significado de "ressurreição". Fazem isso porque fizeram-no desde sempre e foi para isso que foram educados pelos pais. Não importa saber, aprender ou questionar, importa é fazer e dar continuidade ao circo. Amém. Enfim, para esses, tanto o Natal como a Páscoa já só têm dois significados: Feriado em casa e abastança na mesa. O jejum, o minuto de silêncio às 15H na sexta-feira santa e todos os outros sinais religiosos, isso já é tudo coisa do passado, do tempo em que a trovoada era o sinal de um Deus furioso com os homens, logo, ficarão perdidas nos anais da história e condenadas ao esquecimento. Descansem que não tenciono criticar porque, verdade seja dita, enquanto agnóstico não ligo a questões de ordem religiosa e também só quero encher a mula como os outros (embora, infelizmente, hoje tenho que ser eu a pagar), mas há momentos em que, estranhamente, sinto um certo saudosismo de certas coisas do antigamente. Do tempo em que a Páscoa conseguia reunir toda família, antes de vermos o Facebook pegar de estaca e foder esta merda toda (hoje mete-se um "Like" e já está, a família já foi visitada). Do tempo em que em vez de ficarmos preocupados com aquilo que devemos oferecer ao padrinho ou à madrinha no domingo que antecede a Páscoa - e que hoje já se traduz numa oferta de valor considerável -, bastava irmos todos juntos à missa e à saída deixar o padre benzer um simples raminhos de oliveira que tínhamos roubado ao nosso vizinho e que, com a maior inocência e amor do mundo, ficava coladinho ao nosso peito até que fosse entregue a alguém muito especial. Que saudades desses tempos, em que tudo parecia ser mais simples...e menos enervante para todos...

2 comentários:

  1. AS tradições vão acabando e dão passo a muito consumismo tb
    Abraço
    https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/

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A frase mais estúpida que poderá ser dita aqui é: "Para Pensador pensas pouco..."
A mais inteligente é: "És tão lindo Pensador..."